A taxa de obesidade entre crianças dobrou em 25 anos, e não em 15 anos. A informação incorreta permaneceu publicada entre 15h50min e 19h40min desta segunda-feira.
A taxa de obesidade entre crianças de menos de cinco anos sofre uma expansão sem precedentes e a Organização Mundial da Saúde (OMS) apresenta recomendações drásticas para frear a tendência. Dados divulgados nesta segunda-feira em Genebra revelam que, entre 1990 e 2014, pelo menos 41 milhões de crianças nessa faixa de idade estão acima do peso.
Em apenas 25 anos, o número de casos registrados aumentou em 10 milhões de crianças. Hoje, a taxa é de 6,1% de toda a população na faixa etária estudada. Em 1990, ela era de apenas 4,8%. Mas a maior preocupação é com os registros nos países em desenvolvimento. Em 25 anos, o número de crianças obesas dobrou, passando de 7,5 milhões para 15,5 milhões. Ao final de 2014, quase metade de todas as crianças obesas estavam na Ásia, contra 25% na África, o mesmo continente com o maior número de má-nutrição aguda. Na América Latina, a taxa de obesidade entre as crianças é superior à média mundial, chegando a 8%.
"Muitas crianças estão crescendo em ambientes que incentivam ganhar peso e obesidade", alerta o informe da OMS. "Levados pela globalização e urbanização, a exposição a comidas não-saudáveis é cada vez maior", indicou.
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O principal fator do aumento do número de crianças obesas, segundo a organização, tem sido o marketing sem restrição para refrigerantes e outras bebidas. Para inverter a tendência, a OMS alerta que governos terão de adotar medidas concretas. Uma delas é a de aumentar os impostos para refrigerantes, além de limitar a publicidade para alimentos não-saudáveis. Para a entidade, a quantidade de calorias ingeridas por dia precisa cair.
Uma segunda proposta é a de implementar de forma generalizada programas de atividades físicas em escolas e jardins de infância, com a meta de evitar que crianças sejam sedentárias. As propostas também incluem uma mudança na preparação das mães e pais, com o foco na amamentação, em práticas saudáveis de alimentação, além de padrões rígidos para as cantinas escolares. Nutrição deve ainda entrar no currículo das escolas, assim como a proibição da venda nos colégios de chocolates, balas ou qualquer outro alimento que possa contribuir para obesidade.
– As medidas que estamos propondo vão exigir vontade política dos governos – alertou Margaret Chan, diretora-geral da OMS. – São iniciativas que vão contra interesses econômicos poderosos.
No ano passado, a OMS já alertou para o consumo de açúcar no mundo e sugeriu maiores impostos sobre os produtos. Mas as entidades de produtores reagiram de forma dura, criticando o informe e apontando que o combate à obesidade vai muito além do consumo do alimentos.
*Estadão Conteúdo