Conta minha tia Maria do Carmo Campos (no livro Protásio Alves e seu Tempo) que meu trisavô Protásio foi um dos primeiros a se apaixonar pela praia de Torres em uma viagem a cavalo descendo da Serra para o Vale do Mampituba a fim de mapear a fronteira do Estado. Desde 1915, a família passou a veranear por lá e eternizar boas lembranças. Gerações e gerações de pé na areia, banhos de mar terapêuticos, milho-verde e caminhadas pela orla. Atualmente, meu tio-avô Protásio Alves (mesmo nome do meu trisavô) é o maior representante desse amor por Torres. Famosos são os seus churrascos à beira-mar, em uma tenda na Praia Grande, que brindam e divertem os amigos e familiares com seu eterno astral jovem e contagiante aos 80 anos (pessoalmente, não daria mais do que 60 para ele!).
E por que conto tudo isso? É que, assim como Torres, outras praias gaúchas entraram na minha pauta no final de 2015. Mergulhei nas atrações do nosso litoral para realizar um projeto: o Guia de Praia Báril (grátis e em versão online e impressa com mais de 130 dicas de Tramandaí a Torres). O convite oportunizou boas conversas com amigos que não trocam a temporada em nosso litoral por nada desse mundo, incluindo o próprio tio Protásio. Peguei o carro e fui de turista (e saudosa!) conferir de perto as indicações que recebi.
Para a coluna Na Folga, selecionei alguns "achados família" nesses agradáveis bate-voltas pela Estrada do Mar. De Torres, a Feira do Valão que acontece todo o sábado pela manhã. E ainda: o charme e as tortas do Café Monsieur com vista para Lagoa do Violão. Em Capão, o restaurante Maquiné que desde 1956 aviva a memória afetiva e gustativa de muitos veranistas com sua autêntica comida caseira. Em Imbé, o pessoal da
Sup Fun aluga pranchas de stand-up paddle para apreciar o pôr do sol no Rio Tramandaí (lindo!). Distante do mar mas às margens da Lagoa das Malvas (a 10 quilômetros de Capão), está situada a Fazenda Pontal. Um refugio acolhedor que oferece day-use com várias atividades gaudérias e náuticas.
Passaram-se cem anos desde que meu trisavó descobriu Torres. Mas acho que ainda dá tempo de todos nós descobrirmos um pouco além do mar chocolatão da nossa faixa litorânea. Tem sorvete, a turma de amigos, a família, pescaria, a corrida na areia, o jogo de taco, a violinha, a brisa, o churras do tio Protásio... Basta ser generoso com o olhar. No último fim de semana, por exemplo, vi meu filho pedalando sem rodinhas pela primeira vez. Uma emoção sem tamanho que só um veraneio proporciona, certo?