Não sou adepto do método antroposófico de educação, nem do método da palmada. Simpatizo mais com o primeiro e, de vez em quando, me seguro pra não usar o segundo.
Antes de ter filhos, quando via uma criança jogada no chão do supermercado chorando por qualquer motivo, pensava: "Esse pai não impõe limites ao filho. Está tendo o que merece". Agora, que tenho duas crianças, vejo a cena e penso: "Coitado desse pobre pai que sofre nas mãos insensíveis desse pequeno vilão". Estou do lado dos pais, decidam eles o método apropriado.
Tenho um casal de amigos que na época da gestação ganhou um livro chamado Crianças Francesas Não Fazem Manha. Tinham certeza de que, quando o bebê nascesse, usariam este método. Nada de atender a berros. Às oito horas da noite, colocariam o bebê no berço e ele dormiria sozinho. "Os franceses conseguem jantar tranquilamente em restaurantes com seus filhos, que ficam comportadamente sentados esperando a hora de ir embora". Aparentemente, espaço kids é pra fracos.
Levei um susto esses dias quando os reencontrei e, pra qualquer chorinho, minha amiga corria para acudir o neném. "Não tem jeito. Brasileiro é muito emocional. A gente é muito mais carinhoso que os franceses", explicou minha amiga, colocando na conta da diferença cultural.
Por outro lado, uma amiga idealizava a educação liberal, aquela em que não se pode dizer "não" para a criança. Funcionou até ela conhecer os coleguinhas da escola. Do jeito que ela contou, pareciam pequenos terroristas. "Uma mistura de Carrossel com Estado Islâmico!", me disse, com os olhos assustados.
Pais passam os dias tentando achar o meio termo. Quero que minhas filhas explorem suas capacidades criativas, desde que não seja desenhando na parede de casa. Quero que verbalizem o que pensam, desde que não seja no meio da madrugada. Quero que expressem seus sentimentos, desde que não seja deitadas no meio de um supermercado lotado.