"Eu estava caminhando normalmente e, de repente, um muro caiu no meu caminho. Como eu vou continuar agora?" A indagação de um paciente ao ser diagnosticado com esclerose múltipla - doença crônica e autoimune que afeta o sistema nervoso central - idealizou o lema da campanha de conscientização, lançada em 2006 pela Academia Brasileira de Neurologia (ABN): "um muro que podemos juntos ultrapassar".
- As pessoas precisam saber que a doença não as impede de seguir a vida normalmente, trabalhando, se relacionando socialmente e constituindo família - afirma Elizabeth Regina Comini Frota, coordenadora do Departamento Científico de Neuroimunologia da ABN, ao ressaltar a ideia da campanha.
Cartunista gaúcho Rafael Corrêa conta em quadrinhos como convive com a esclerose múltipla
Esclerose múltipla: conheça a história de pessoas que convivem com a doença
Para o Dia Nacional de Conscientização Sobre Esclerose Múltipla, comemorado neste domingo, dia 30, a ABN, junto outras entidades de todo o país, realiza eventos e ações a fim de informar a população sobre a doença e seus sintomas. A neurologista diz que a discriminação que associa a doença a problemas mentais é motivo de preocupação, principalmente por parte dos familiares e amigos dos pacientes. Desmistificar esse tipo de equívoco é um dos principais objetivos da iniciativa, que tem como madrinha a atriz e humorista Cláudia Rodrigues, diagnosticada com a doença em 2000.
Protagonista da série A Diarista, da TV Globo, com a personagem Marinete, Claudinha - como é conhecida - enfrentou a depressão em virtude de algumas limitações da doença. Elizabeth conta que o esse mesmo problema atinge a maioria dos pacientes, embora muitos neguem o distúrbio psicológico.
- Além das próprias lesões da doença, o fato de ter que encarar mudanças significantes na rotina também influencia no desencadeamento da depressão - explica a especialista.
A esclerose múltipla é uma inflamação no sistema nervoso que resulta em diversas lesões, podendo evoluir para deficiências motoras, de coordenação, visão e equilíbrio. Caracterizada por sintomas agudos como dormência no braço, torturas e dificuldade para falar, a doença se desenvolve, normalmente, em pessoas entre 20 e 40 anos.
Mitos e verdades sobre a esclerose múltipla
Remédio oral para esclerose múltipla será distribuído pelo SUS a partir de janeiro
Medicamento para esclerose múltipla obtém registro na Anvisa
Quanto mais cedo forem identificados esses sintomas, melhor pode ser a resposta do paciente ao tratamento, o qual é realizado com medicamentos - atualmente, existem 12 - e mudanças no estilo de vida como atividades que trabalham o raciocínio, exercícios ao ar livre e hábitos alimentares mais saudáveis.
A causa da doença ainda é desconhecida, mas especialistas afirmam que o surgimento da esclerosem múltipla pode estar relacionado a fatores genéticos e ambientais como vírus, bactérias, clima, alimentação e radiação solar - responsável pela produção de vitamina D. Segundo Elizabeth, pessoas que vivem em regiões mais frias, onde há pouca radiação do sol, são aquelas que mais desenvolvem a doença. No entanto, a especialista afirma que ainda não se descobriu o gatilho responsável por essa relação.
A neurologista aponta que no Canadá e em países do norte da Europa, por exemplo, a incidência de esclerose múltipla atinge cerca de 3% da população. No Brasil, esse índice chega a apenas 0,01%.
*Zero Hora
Leia mais notícias sobre saúde