Quem está na fila de espera por um novo fígado, já realizou o transplante ou é um declarado doador de órgãos gostará da música que vai tocar nesta terça-feira, às 16h, no Largo Glênio Peres, Centro de Porto Alegre. A banda Los 3 Plantados, que une dois transplantados de fígado e um de rim, é o ponto alto de uma programação que, durante todo o dia, vai alertar para o combate às hepatites.
A hepatite é uma inflamação do fígado causada por agentes infecciosos, como vírus e bactérias, ou tóxicos, como a bebida alcoólica. Porto Alegre é a capital com maior número de registros de hepatite C, responsável por 70% das hepatites crônicas, por 40% dos casos de cirrose e a principal causa de transplante hepático no mundo. Na Capital, são 34,3 casos para cada 100 mil habitantes, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
Os músicos Bebeto Alves, Jimi Joe e King Jim vão dar seus depoimentos sobre a importância de realizar os testes e desestigmatizar a ideia errônea de que transplantados estão mais perto da morte.
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- São depoimentos em prosa e verso para encorajar as pessoas a viverem melhor, a não se recolherem, pois existe vida normal e saudável depois da cirurgia - afirma Jim, que ficou quatro meses na fila de espera por um novo fígado até se operar, em 2013.
A data de 28 de julho marca o Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais. O tipo C foi a doença que obrigou Jim e Bebeto a passarem pelo procedimento, o que não significa que estão livres dela.
- O transplante é um tratamento, mas não a cura - diz Bebeto.
No vídeo abaixo, conheça o grupo Los 3 Plantados
Por isso, eles veem com esperança a notícia de que, a partir de agosto (previsão do Ministério da Saúde), passarão a ser distribuídos em Porto Alegre novos medicamentos que elevarão o potencial de cura dos atuais 40% para uma porcentagem entre 90% e 100%.
- É uma mudança grandiosa num cenário historicamente sombrio. Os novos tratamentos trazem uma perspectiva muito maior de cura, com mais segurança e menos efeitos colaterais - comemora o médico gastroenterologista e hepatologista Eduardo Emerim, coordenador do Serviço de Atendimento Especializado de Hepatites Virais (SAE-Hepatites).
SAE-Hepatites tem novo prédio
O SAE-Hepatites do Hospital Materno-Infantil Presidente Vargas (HMIPV), cujo novo prédio foi inaugurado nesta segunda-feira na Rua Garibaldi, é referência nacional no enfrentamento da doença, por meio de uma equipe que envolve médicos, farmacêuticos, psicólogos e enfermeiros. Emerim ressalta que antes da criação do serviço, em 2012, a fila de espera para tratamento contra as hepatites pelo Sistema Único de Saúde (SUS) era de, em média, quatro anos.
- Hoje não há fila, é imediato. Basta a pessoa fazer o teste numa unidade de saúde e, dando positivo, ser encaminhada para o SAE.
O serviço ocupava salas do HMIPV, mas agora está em uma casa reformada, junto ao hospital, para abrigar quatro consultórios, duas salas de medicação e salas de serviço administrativo. Em um mesmo lugar, é possível realizar uma série de exames, como hemogramas, endoscopias e tomografias.
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E por falar em exames, no Largo Glênio Peres, nesta terça-feira, a prefeitura irá disponibilizar testes rápidos e gratuitos não só de hepatites, mas também de HIV e sífilis, além de vacinação contra hepatite B, distribuição de preservativos e orientações à população, por meio de bate-papos com médicos, ONGs ligadas ao combate às hepatites e da "aula-show" dos Los 3 Plantados.
- Dá para fazer o teste, assistir ao show e, depois, pegar o resultado - sugere Jimi.
E para quem quer uma palhinha do repertório, um trecho de Alimente a Vida, uma das canções que incentivam a doação de órgãos: "Alguém pode viver com o rim da Maria / E a medula de um outro salvar tua tia / Um novo pulmão era tudo o que se queria / Pra salvar o Pedro, o André e também a Luzia".
Números sobre a hepatite
- Em Porto Alegre, a cada 100 mil habitantes, 34 são diagnosticados com hepatice C
- Por ano, são 1 mil novos casos de hepatite C e 300 de hepatite B
- No Brasil, existem 2 milhões de pessoas portadoras do vírus do tipo C
- A hepatite C é responsável por 70% das hepatites crônicas e por 40% dos casos de cirrose
- Em 30% dos casos, a hepatite crônica podem progredir para cirrose hepática.
- Dos que têm cirrose hepática, 5% ao ano evoluem para câncer de fígado
- O potencial de cura atual é de 40% a 50%, mas pode evoluir para 90% a 100% com novos medicamentos
- A hepatite A cura-se espontaneamente em 99% dos casos e pode ser prevenida por meio de vacina para crianças a partir dos 12 anos
- A transmissão vertical da hepatite C (da mãe para o bebê, durante o parto) só ocorre em 5% dos casos
Como prevenir
- Use sempre preservativo na relação sexual
- Não compartilhe seringas
- Faça transfusões de sangue e diálises apenas em locais credenciados
- Se for colocar piercings ou fazer tatuagens, procure estabelecimentos confiáveis, onde haja esterilização
- Não compartilhe materiais cortantes que possam estar contaminados, como alicates de unha e cutículas e lâminas de barbear ou depilar
Programação
Das 9h às 18h
- Vacinação contra a hepatite B
- Distribuição de preservativos
- Testes rápidos para detecção de hepatites, HIV e sífilis
- Bate-papos com equipe do SAE-Hepatites e de ONGs especializadas
16h - Aula-show com a banda Los 3 Plantados: Bebeto Alves, Jimi Joe e King Jim são, os três, transplantados. A apresentação mistura música com conversas sobre cuidados com a saúde.