Enriquecer a manteiga com um tipo de ácido graxo encontrado na gordura de laticínios - o ácido linoleico conjugado - pode ser eficaz no tratamento do Alzheimer, aponta pesquisa realizada pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital de Clínicas de São Paulo. Ratos submetidos a uma dieta com a manteiga modificada apresentaram aumento da atividade da enzima fosfolipase A2, processo relacionado à melhora da doença.
O trabalho foi publicado no periódico científico Journal of Neural Transmission.
Sintomas de Alzheimer podem ser identificados anos antes do diagnóstico, aponta estudo
Segundo Leda Talib, chefe do Laboratório de Neurociências, embora os testes com a manteiga enriquecida em ratos tenham começado há apenas cinco anos na instituição, os estudos com a fosfolipase A2 já vem sendo realizados há pelo menos 15.
Essa enzima atua sobre gorduras que constituem as membranas celulares e sobre ácidos graxos, que funcionam como mediadores na formação da memória. Em pacientes sem a doença, as membranas celulares são fluídas e renovadas normalmente, enquanto que, naqueles com Alzheimer, elas são rígidas e dificultam a liberação de ácidos graxos como o linoleico. Os pesquisadores observaram que a manteiga enriquecida aumenta a atividade da enzima, o que contribui para a memória.
Cientistas encontram pistas para entender o Alzheimer em doenças cardíacas
- Como essa enzima é alterada em pacientes com Alzheimer, começamos a olhar o que poderia estar alterado nessas pessoas em relação ao metabolismo de fosfolipase - afirmou a especialista.
Os resultados com ratos indicam que a dieta enriquecida com ácidos graxos é eficaz para tratamento do estágio inicial da doença, mas ainda será estudado se a manteiga modificada também poderia ser usada na prevenção contra o Alzheimer.
- Quando começam a aparecer os sintomas, a doença já está estabelecida, então ainda não se sabe em que momento ela começa. Por isso, vamos investigar se pode ser uma medida preventiva - explicou Leda.
Leia mais notícias sobre saúde e bem-estar
Em relação aos próximos passos da pesquisa, Leda diz que ainda serão feitos mais testes com animais antes de observar os efeitos em humanos. Ela observou ainda que é preciso analisar os efeitos que essa alimentação rica em gordura pode acarretar na saúde dos animais.
*Agência Brasil