A expressão "ninguém é de ninguém" tem várias e diferentes interpretações. Todos sabem que há relacionamentos nos quais, separadamente ou juntas, as pessoas têm sexo com outras, sendo a troca de casais (swings) uma variação.
Recentemente, estou preocupada com o crescente aumento do desejo unilateral por um relacionamento aberto no qual o outro cedeu sem concordar.
Quais os motivos apontados para introduzir uma ou mais pessoas na vida sexual? Rotina, novidade, realizar fantasias e problemas sexuais. É comum o par não lembrar que esses itens são trabalhados por sexólogos. Voltando aos motivos... Outra alegação é que não há traição, pois há o consentimento do outro sobre a oportunidade de novos prazeres. Oposto do que ocorre na infidelidade velada, comum nos relacionamentos fechados, quando somente um deles usufrui da variação sexual.
A pessoa que "falsamente cede" pensa que a experiência será curta e evitará a separação. Os homens são quem mais propõem sexo fora da relação oficial. O que causa o sofrimento de quem "aparentemente" concordou? 1) O luto da proposta original sobre ser único na vida sexual do outro.
2) A necessidade de "ter de arranjar um pretendente sexual" no caso de o sexo acontecer longe do par. 3) Ter contato íntimo com pessoas do mesmo sexo. 4) Ouvir sugestões para tornar-se atraente a um terceiro como "vá ao salão de beleza" ou "compre roupa sexy". 5) Presenciar o desejo sexual e o ato sexual do cônjuge com outra pessoa. 6) Perceber a piora do problema sexual preexistente, pois no sexo a três (ménage à trois) ou no sexo grupal é inevitável a comparação de desempenho. 7) Dialogar sobre as novas experiências sexuais escondendo seus reais sentimentos. É comum o proponente fazer esse pedido visando excitar-se.
Consentir qualquer ato sexual sem erotizá-lo e contra seu verdadeiro interesse é uma violência contra si mesmo. Não é raro certa dependência emocional e econômica em relação ao par, além de baixa autoestima.
O autor da ideia está isento de qualquer sofrimento? Não, pode haver disfunção erétil ao presenciar a mulher tendo muito prazer sexual com um terceiro, algo "inimaginável", pois "pensei ser bem-resolvido, não ter ciúmes". Nessa situação, além de recuperar a ereção, o homem deseja "fechar a relação", voltar a serem somente dois como eram no passado.
Todos devemos possuir um mínimo de autoconhecimento sobre quem somos e o que desejamos. É saudável admitir desacordos sobre algumas propostas sexuais. Isso requer a consciência de que, como humanos e diferentes que somos, muitas vezes será impossível partilhar das mesmas fantasias sexuais.