A sensação de ser invisível pode contribuir para diminuir o estresse que algumas pessoas sentem em frente às outras. Pesquisadores afirmam que essa ilusão pode ajudar no tratamento da ansiedade social.
Entenda as origens da timidez
Nos últimos anos, alguns progressos foram alcançados a partir de pesquisas com metamateriais capazes de manipular as ondas com "camadas de invisibilidade", formadas por materiais artificiais que permitem desviar os raios de luz que chegam em um objeto, tornando-o invisível.
- Queremos analisar as consequências psicológicas de tal invisibilidade para que estes dispositivos possam ser usados com segurança - afirma Arvid Guterstam, pesquisador em neurociência do Instituto Karolinska, de Estocolmo.
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Publicado quinta-feira na revista Scientific Reports, o estudo foi feito com 125 participantes. Cada um deles foi equipado com um capacete de vídeo ao vivo e em 3D, alimentado por um par de câmeras colocadas ao nível dos olhos, que apontavam para baixo. Em seguida, os pesquisadores pediram aos voluntários que se levantassem e olhassem para baixo. Em vez de ver seu próprio corpo, cada um dele via um espaço vazio.
Para aumentar a ilusão, um pesquisador tocou diferentes partes do corpo do participante com um grande pincel apoiado com uma mão, enquanto a outra fazia um movimento no vazio. Num intervalo de 30 segundos, a maioria dos participantes teve a sensação de que seu corpo havia se tornado invisível.
- As pessoas também transpiraram mais, o que sugere que o cérebro da pessoa percebeu este gesto no vazio como uma ameaça direta contra seu próprio corpo - acrescenta Guterstam.
Em um dos experimentos, os pesquisadores expuseram os participantes a uma situação social constrangedora na presença de uma plateia de desconhecidos. Os cientistas constataram que a frequência cardíaca e o nível de estresse dos voluntários foi menor quando a pessoa tinha a sensação de ser invisível, em comparação a quando ela se percebia visível pelos demais.
- Se o cérebro percebe o corpo como invisível, supõe que o mesmo também é verdadeiro para outros observadores, o que reduz o estresse relacionado a ser o centro das atenções - explica o pesquisador.
A ansiedade social pode aparecer em diferentes graus em cerca de 10% das pessoas, de acordo com o pesquisador.
A psicoterapia cognitiva e comportamental (CBT, na sigla em inglês) é o tratamento não-medicamentoso mais comum para tratar a fobia social. O trabalho consiste em acostumar o paciente a situações cada vez mais estressantes. Algumas destas terapias utilizam simulações de realidade virtual.
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- Acreditamos que dar a ilusão de ser invisível poderia ser usado como um primeiro passo para essas terapias baseadas em realidade virtual. Isso poderia ajudar pacientes cuja ansiedade vem de emoções negativas relacionadas a seu próprio corpo - conta Guterstam.