Conforme o psicólogo clínico José Guilherme Weinstock, do grupo Central da Dor do Hospital A.C. Camargo, em São Paulo, os pacientes, quando hipnotizados, entram em uma espécie de transe, mas não ficam adormecidos como alguns imaginam. Eles atingem um estado de alta concentração, capaz de desviar a atenção somente para aquilo que o especialista indica.
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Especialistas divergem sobre aplicação da hipnose
- A hipnose é um estado de consciência alterado diferente daquele que consideramos ser o estado de vigília. É provocado artificialmente, e o indivíduo é capaz de obedecer a sugestões feitas pelo hipnotizador, que podem provocar alterações nas sensações e nos movimentos - explica Weinstock.
As fases da técnica
Saiba como a hipnose leva a um estado modificado de consciência:
1) Relaxamento
O paciente experimenta um relaxamento muscular induzido por ações e estímulos do hipnotizador. Ele começa a mudar o ritmo respiratório e se sente mais tranquilo.
2) Transe leve
Estado de menor resistência, no qual o paciente fica mais suscetível às sugestões do hipnotizador. A respiração fica mais ampla e profunda, e especula-se que ocorra a diminuição da atividade de áreas cerebrais ligadas à razão, e aumento daquelas ligadas a emoções e à memória.
3) Transe moderado
É um estágio importante para o tratamento, por exemplo, de fobias. O paciente pode trazer à tona sentimentos e memórias a partir da sugestão do hipnotizador, que emergem para a consciência.
4) Transe profundo
Apenas de 5% a 10% da população consegue alcançar este estágio. Nele, o paciente pode abrir os olhos sem despertar, sofrer amnésia, ser induzido à anestesia pós-hipnótica e até mesmo sofrer alucinações positivas ou negativas.
Não é para todos
A hipnose não funciona para todo mundo. Estima-se que 90% da população mundial seja hipnotizável em algum grau, e especula-se que isso seja determinado por diferenças estruturais no cérebro. Conforme o psicólogo americano Michael Nash, a suscetibilidade à hipnose pode ser obra da seleção natural. Aqueles que tinham mais capacidade de suportar dores intensas foram melhor sucedidos evolutivamente. Atualmente, existem escalas para medir a suscetibilidade de um indivíduo à hipnose, e elas costumam ser aplicadas para definir se o método trará benefícios ao paciente ou não.
Reações do cérebro
Uma pesquisa do Centro de Medicina Integrada da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, mostrou que o funcionamento do cérebro sofre modificações durante o transe hipnótico. No experimento, voluntários foram expostos a figuras em tons de cinza. Após serem hipnotizados, eram instruídos a enxergar cores nas ilustrações, e passavam a afirmar que viam imagens coloridas. Exames de tomografia realizados durante o procedimento apontaram que as regiões do cérebro diretamente ligadas à percepção de cor foram ativadas. Quando o oposto foi realizado - imagens coloridas foram mostradas com a sugestão de enxergar em tons de cinza - essas regiões ficaram menos ativas.