Autora do livro A Ciência de Ser Feliz, a psicóloga Susan Andrews criou um macete para sintetizar a nova ciência hedônica (que busca entender a felicidade): genes + condições externas + atividades intencionais. As ações que realizamos por vontade própria, segundo ela, dão uma mãozinha para os genes encontrarem a sensação de saúde e bem-estar.
Susan é norte-americana e vive no Brasil desde 1992. Ela mora no Instituto Visão Futuro, que fundou em Porangaba, no interior de São Paulo. Lá, planta o que come, recicla todo lixo que produz e ajuda a comunidade local. Mas nem de longe leva uma vida tranquila e sem estresse. Envolvida em inúmeros projetos - é ambientalista, monja, antropóloga, socióloga e psicóloga -, ela dá mais de 200 cursos e palestras por ano. Formada pela Universidade Harvard, Susan desenvolveu uma série de técnicas para aliviar a tensão e controlar os efeitos dos hormônios produzidos durante situações de desgaste psicológico - o cortisol é o principal deles.
Lembrando que a palavra crise, em mandarim, significa "perigo" e "oportunidade", Susan acredita que é preciso transformar a raiva, o medo e a depressão em energia positiva para encontrar o centro da estabilidade em si mesmo e aprender a desenvolver o potencial pleno.
- O estresse é a resposta do corpo a qualquer demanda quando forçado a adaptar-se à mudança. Trabalhamos muito, dispomos de menos tempo para o lazer e ficamos cada vez mais estressados - diz a autora.
Segundo o psicólogo Armando Ribeiro, coordenador do Programa de Avaliação do Estresse da Beneficência Portuguesa de São Paulo, mais importante do que uma falsa noção de que tudo vai bem é o aumento da resiliência frente às adversidades.
- Não é a ausência de problemas que traz felicidade, mas a forma como as pessoas lidam com os problemas - diz.
Ser feliz, nesse sentido, não é apenas uma questão de sorrir o tempo inteiro, mas de como lidar com as lágrimas do caminho.
Caminhos práticos do bem-estar:
A lista da gratidão
- Existem inúmeras coisas na vida, grandes e pequenas, pelas quais podemos nos sentir gratos. Reflita sobre os acontecimentos da semana (ou do dia) e liste cinco fatos que aconteceram pelos quais você se sente grato.
- Escreva uma carta de agradecimento para alguém a quem você nunca fez algo do tipo adequadamente.
- Estudos realizados na Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, mostram que pessoas deprimidas que escreveram essas cartas semanalmente, durante seis semanas, sentiram-se menos deprimidas, mesmo tempos depois. O estudo mostrou que o simples ato de escrever, ainda que o conteúdo não tenha sido entregue, aumenta a sensação de bem-estar.
Fazer o bem a alguém
- Ser bondoso e generoso reduz a depressão, leva à percepção mais positiva dos outros, promove a saúde, aumenta a autoconfiança, desenvolve um senso de significado e valor à vida.
- Fazer o bem ativa os mesmos centros de prazer no cérebro que são estimulados por comida e sexo.
Ioga e massagem
- Praticar ioga pode baixar os níveis de cortisol. Pesquisadores da escola de medicina Jefferson, nos Estados Unidos, coletaram amostras de sangue de iniciantes na prática e descobriram que, neles, o nível de cortisol (hormônio produzido no estresse) despencou imediatamente após a primeira aula.
- Pesquisas demonstram que o aumento do toque da massagem pode aliviar a depressão e diminuir a incidência de resfriados, diarreia, asma, hepatite, dermatite, doenças cardiovasculares, dor crônica, insônia e estresse.
Dormir o suficiente
- Outro modo de baixar o cortisol é dormir o suficiente. Qual a diferença entre dormir seis horas por dia e oito horas? Cinquenta por cento a mais de cortisol na corrente sanguínea, diz o bioquímico Shawn Talbot, autor do livro The Cortisol Connection.
Fonte: A Ciência de Ser Feliz, Susan Andrews, Editora Ágora.