Nanete Alves dos Santos completou 70 anos há um mês e continua firme no mercado de trabalho. Recebe um salário mínimo por mês como aposentada. O valor não é suficiente para pagar as contas básicas - água, luz, telefone e supermercado - e ela precisa continuar trabalhando:
- Nunca foi uma opção parar de trabalhar. Me separei há 30 anos e criei meus dois filhos. Mesmo agora que eles não moram mais comigo, não posso parar. Preciso ter qualidade de vida, preciso ter condições para pagar coisas que vão além das contas. Sem meu trabalho, eu teria uma vida muito ruim.
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Nanete ocupa todas as manhãs e noites, de segunda a sexta, com o trabalho na cantina de uma escola no centro de São Leopoldo. Nem sempre foi assim. Há alguns anos, ela trabalhava no atendimento de um cinema na cidade. Eram seis dias da semana no trabalho, apenas um domingo por mês de folga. A rotina mudou quando estava comemorando o próprio aniversário e teve de deixar a festa porque precisava começar seu turno no trabalho.
- Meus filhos ficaram nervosos com a situação. Nunca passou pela cabeça deles pedir que eu parasse de trabalhar. Eles sabem que preciso do dinheiro e que o trabalho me faz bem, mantém minha cabeça ocupada.
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Ainda assim, o filho conseguiu uma oportunidade para a mãe na cantina da escola. Agora, ela tem uma rotina menos intensa de trabalho e ainda pode dedicar às tardes para outras atividades. Nanete faz parte de um grupo da maturidade ativa da cidade. A filha paga o plano de saúde, mas ela se orgulha de não ter de tomar qualquer remédio. Faz exames anuais, como tem de ser, e se mantém ocupada. Se perdesse o emprego, precisaria contar com os filhos para pagar as contas, e sabe que as opções no mercado de trabalho para quem está nessa faixa etária são mais restritas.
- Estou com 70 anos, me aposentei com 60. Nunca parei de trabalhar. Estou super bem, é como se eu tivesse 20 anos menos.
Em vídeo, confira o que Nanete e outras três pessoas pensam sobre chegar à terceira idade: