Independente da situação, com qual pessoa você pode contar? Qual a pessoa que você detesta que fique longe? Na infância, necessitamos no mínimo de um cuidador para sobreviver, o que transforma um dos pais ou os dois em primeiras figuras de apego.
Estudos falam em mais de dez tipos de amor a dois, dependendo do traço predominante, podendo ser mais erótico, de cuidado, de dependência ou interdependência, de amizade...
Por isso, os casais são desiguais, únicos, tendo cada forma de amor vantagens e desvantagens. Há um fator comum e importantíssimo aos vários tipos de amor adulto: eles são alimentados pela retribuição, pelo "dar e receber". Quando apenas um do par se doar, haverá o questionamento saudável do outro sobre o vínculo.
Na situação do outro significar unicamente apego, para a sua manutenção, a retroalimentação positiva não é necessária. Isso faz toda a diferença, pois a pessoa, com o tempo, pode tornar-se negligente, malévola, agressora, ou continuar sendo amorosa. Lembro que conhecemos várias histórias nas quais um cuidador ou um do casal abusam do fato de serem imprescindíveis.
Na fase da paixão, somente um terço dos casais nomeia o seu par adorado como figura de apego, sendo que dois anos é o tempo médio estimado para o outro passar a essa posição - quando já há menos mistérios e inseguranças, podendo transformar-se em "apego do bem ou do mal".
Por que, após algumas separações, o outro continua a ser figura de apego? Não exige "mão dupla", e o outro representa familiaridade, característica comum da pessoa a quem nos apegamos. Além disso, há uma parte nossa que clama pela eternidade do amor, gerando dificuldade com a ruptura afetiva. Talvez seja melhor pensar que a eternidade possa ser medida pela intensidade e plenitude e não pelo tempo. Não se culpe. Seja generoso consigo mesmo, sem enganar-se.
Desejo que o seu vínculo afetivo, sendo ou não o outro figura de apego "do bem", acima de tudo seja feliz na maioria das fases que percorrer.
É fácil desapegar? Não, porque o apego é o sentimento mais antigo que conhecemos, a primeira forma de afeiçoar-se a alguém. Como adulto, cabe a você fazer suas escolhas.