Há uma conexão estreita e ininterrupta entre cérebro, mente e corpo. A excitação sexual, seja provocada pelo imaginário erótico ou por qualquer outro estímulo, é possível pela liberação de substâncias químicas: os hormônios e os neurotransmissores.
Em homens, a testosterona parece ter a função de facilitar o que os biólogos chamam de "esforço de acasalamento": o investimento de tempo e energia, na concorrência com os outros homens, em busca de parceira. Um estudo internacional reforça essa ideia, ao demonstrar que o homem, ao manter interesse "em atividade sexual extraconjugal", possui nível de testosterona comparável aos solteiros, mesmo estando ele numa relação de compromisso. Pesquisas sobre infidelidade real ou imaginária são sempre polêmicas e essa não é exceção.
Presenciar o sofrimento das mulheres amadas (como das mães, das tias) motivadas pela não exclusividade sexual pode influenciar os adolescentes homens a terem comportamento oposto. Sabemos que a cultura falocêntrica valoriza a conquista de novas mulheres, independentemente de o homem estar casado ou não, o que, nos últimos 50 anos, tem forte oposição pública do universo feminino. Conviver com familiares e amigos infiéis facilita aos homens ter o mesmo comportamento, pois a crítica das pessoas próximas já acostumadas a esse padrão será menor. Esse estudo reforça a teoria de que "o meio faz a pessoa", sob a ressalva de que possuímos o livre arbítrio.
Existem pesquisas sobre hormônios e a infidelidade feminina? Sim, mas há mais fatores que pesam como significativos. No atendimento do consultório, mais mulheres relatam concordar com a visão masculina sobre "dar uma escapada" não ser algo "contra o outro", sendo apenas "ser fiel a si mesmo".
Voltando às moléculas... Se pensarmos na primeira fase do amor romântico, as mulheres aumentam os seus níveis de testosterona enquanto os homens possuem níveis inferiores a dos não apaixonados. Assim, o desejo sexual é mais promovido nelas, ao passo que a diminuição desse hormônio mantém o homem mais conectado à sua amada. Por outro lado, a paixão libera outras substâncias de modo igual nas pessoas, o que explica muito das comuns, insanas e maravilhosas sensações vividas.
Cada vez mais a tecnologia incorporada à ciência está comprovando que as intenções afetivas e/ou sexuais têm papel importante na produção química, visando a alcançar os desejos revelados ou não. Em relação ao par oficial, isso ajuda ou atrapalha, depende do que é verdadeiro em você.