Embora o tabagismo entre os adultos da Califórnia, nos Estados Unidos, diminuiu drasticamente nas últimas décadas, pesquisadores da Universidade da Califórnia, San Diego School of Medicine, relatam que há um número surpreendentemente grande de pessoas que dizem que usam o cigarro, mas não se consideram "fumantes".
Em uma pesquisa publicada em fevereiro, o PhD, professor e chefe da Divisão de Saúde Global no Departamento da Família e Medicina Preventiva, Wael K. Al-Delaimy e seus colegas estimam que, em 2011, quase 396 mil californianos (12,3% da população de fumantes do Estado) haviam fumado uma base mensurável, mas rejeitaram a caracterização de "fumante".
Quase 22% dos pesquisados fumam diariamente
Al- Delaimy disse que o fenômeno tem duas ramificações: individual e social. Para os indivíduos, o comportamento expõe eles aos mesmos riscos de saúde dos fumantes identificados.
- Não há nenhum nível seguro de fumo - disse ele.
De forma mais ampla, a social, a não identificação de fumante pode afetar negativamente os esforços para reduzir o consumo de tabaco.
Em sua análise, Al- Delaimy e os colegas verificaram que os pesquisados fumaram pelo menos 100 cigarros na vida, e relataram ter fumado pelo menos um dia nos últimos 30 dias ou, ainda, disseram que fumaram pelo menos alguns dias. Em todos os casos, quando perguntados se eles se consideravam fumantes, os entrevistados responderam não.
Os pesquisadores acreditam que os fumantes-não-identificados podem ser divididos em dois grupos distintos, com racionalizações para afirmar seu estatuto de não-fumante. De acordo com estudos anteriores, o primeiro grupo é composto por jovens adultos que fumam (e bebem) socialmente e que acreditam que não são viciados em nicotina. E, os fumantes-não-identificados são um segundo grupo, composto por adultos com mais de 45 anos de idade que eram fumantes regulares e que falharam nas tentativas de parar completamente. Essas pessoas, disse Al- Delaimy, podem procurar evitar o rótulo de "fumante".
- Os mais jovens deste grupo, normalmente, são estudantes universitários que fumam como meio de facilitação social e que acreditam que podem largar o cigarro a qualquer momento. Já os mais velhos têm esse discurso de não-fumante provavelmente como resultado da estigmatização produzida por programas de controle do tabaco. Eles se tornaram peças marginalizadas da sociedade que vêem pouca vantagem em identificar -se como fumantes ou fornecer relatórios precisos de seu comportamento - disse ele.
Al- Delaimy afirmou que as descobertas atuais apontam para números muito maiores do que as estimativas anteriores, e sugere que deve haver pesquisas futuras para dar conta de como os fumantes percebem-se. O objetivo é que as intervenções posteriores, sejam campanhas de mídia e políticas de saúde pública, possam ser refinadas e atinjam de forma mais eficaz fumantes que não se consideram fumantes.