Ilustração: Paulinho
*Comunicador da Rádio Atlântida, Piangers tem orgulho de ser paizão
Uma das coisas mais incríveis de escrever sobre crianças em uma coluna de jornal é receber as histórias dos leitores. Mas eu entendo que, fora do ambiente ideal, falar sobre crianças pode ser um pé no saco. Por exemplo, contar histórias do seu filho para alguém que não tem filho acaba soando meio como evangelização. "Você TEM que ter um filho!" é, pra algumas pessoas, a frase mais peçonhenta do mundo. Por outro lado, contar as histórias do seu anjinho pra quem já tem filho é quase um pedido pra que o interlocutor conte uma história também. E aí fica uma disputa chata pra ver quem tem a melhor criança. (Só entre nós: o filho do interlocutor não sabe nem mandar tchauzinho ;)).
Posto isso, não imagino lugar melhor para contar as histórias de vocês do que esta coluna. Se você está lendo é porque se interessa por histórias de criança. E, tendo ou não filho, não vai poder responder nada pra mim, já que eu sou um papel. Não converse com um papel, pois você vai parecer um maluco. Sério.
Santo protetor
Recebi a história da Gabriela, cinco anos, sobrinha do Alf, que quando viu a imagem de uma santa no painel do carro da avó perguntou: "Vó, pra que serve aquele santinho?", ao que a vó respondeu: "Pra nos proteger. Se a vó bater, o carro a santinha evita que a gente se machuque". A Gabriela pensou um pouco e ponderou: "Ah, o carro do papai também tem um desse. Só que no carro dele é um balão que sai do painel". Entre fé e airbag, eu e a Gabriela ficamos com o segundo.
Caiaio
De uma hora pra outra o Guilherme, dois anos, começou a falar nome feio. "Caiaio! Caiaio!", e a mãe ficou apavorada. Telefonou pra escola. "Quem está ensinando meu filho a falar palavrão?". E o Guilherme lá, soltando "caiaio" nas situações mais constrangedoras, no elevador, no almoço de domingo. Um dia, passeando no parque, começou a gritar: "CAIAIO!". E a mãe corada de vergonha. Guilherme apontava e gritava "CAIAIO!". A mãe olhou pra onde Guilherme apontava. Era um cavalo.
Pneus
A Letícia tinha sete anos quando estava começando a aprender a ler. Num domingo de tarde, carro cheio, parado em um semáforo, Letícia solta: "VA-CHI-LES-KI PN-EUS". O carro todo se olhou! A primeira frase completa lida pela Letícia. Estacionaram o carro ali mesmo na frente da oficina e sairam pulando, realizados com a conquista da menina. Agora, não me perguntem como se soletra "Vachileski". Além de gênia, a Letícia deve ser russa
Se você tem alguma história boa para contar sobre seus filhos, mande pra mim (piangers@atlantida.com.br). Vai ser um prazer compartilhar com outros pais.