Nenhuma linha do tempo do Facebook ficou imune, na terça-feira, ao vídeo em que a bebê Mary Lynne Leroux, lacrimejante, se emociona ao ouvir a mãe cantando "My Heart Can't Tell You No", de Rod Stewart. Com apenas 10 meses, Mary já ganhou a atenção de mais de 5 milhões de pessoas no Youtube.
Mas o que, exatamente, fez Mary se emocionar? Será uma sensibilidade inata para a expressividade da música ou uma comoção de filha diante da voz da mãe? Segundo o neurocientista Ivan Izquierdo, coordenador do Centro de Memória da PUCRS, é impossível saber ao certo.
- Também vi o vídeo e fiquei muito emocionado. É impossível saber se o bebê se emociona mais com a mãe ou com a música. Certamente se emociona com a mãe cantando. A música se percebe e reconhece como tal desde a mais tenra infância; ninguém sabe se nascemos "prontos" para "compreender" música; talvez não. O mais provável é que não, que seja uma coisa adquirida - sugere Izquierdo.
Nas redes sociais, foi grande o número de comentários afirmando que, além de não estar emocionada, a pequena estava com medo, já que bebês tão novinhos não teriam a capacidade de se comover tanto quanto os adultos.
O chefe da Unidade de Neurologia Infantil do Hospital de Clínicas, Rudimar Riesgo, esclarece que, mesmo com poucos meses de vida, a reação é possível, embora ele não entenda o que motiva o fenômeno - apesar do cérebro emocional já estar funcionando, a parte racional, que interpreta as reações, ainda não estaria tão desenvolvida.
Riesgo explica ainda que, neurologicamente, o bebê começa a ouvir desde o primeiro mês da gestação. Além disso, consegue reconhecer os sons familiares, até mesmo aqueles que escutou enquanto ainda estava no ventre da mãe.
Izquierdo assina embaixo. A capacidade de compreender a música, ele continua, começa a ser adquirida desde muito cedo.
- Talvez a voz, que já conhecemos desde o útero, seja um fator afetivo. Não entendemos, claro, as palavras; os sons, os intervalos, a eufonia, o ritmo... Mas a combinação com a mãe cantando emociona mais que cada coisa separada, sem dúvida - afirma o professor, acrescentando lembrar "com intensa emoção de canções que minha mãe, mais de 70 anos atrás, cantava para mim".
- Acontece com todas as pessoas que conheço. As mães gostam de cantar para os seus filhos, e estes adoram isso e não esquecem nunca - completa Izquierdo.
Assista ao vídeo:
ERRAMOS: Diferentemente do que publicamos às 14h13min do dia 30/10/13, o professor Ivan Izquierdo coordena o Centro de Memória da PUCRS, e não o Instituto do Cérebro da universidade, que é dirigido pelo professor Jaderson Costa da Costa. A informação foi corrigida às 11h do dia 31.