Crianças hiperativas não sentem que medicamentos como a Ritalina a transformam em zumbis ou robôs, mas dizem sentir que a medicação as ajuda a controlar o seu comportamento, de acordo com um estudo que analisou suas percepções sobre o tratamento.
A administração de estimulantes para controlar comportamentos raivosos, agressivos ou impulsivos provocou controvérsias por muitos anos. Críticos dizem que a medicação é a maneira errada de lidar com o problema, e que o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é o extremo de um comportamento normal que necessita de compreensão e terapia, ao invés de drogas.
No entanto, a autora da pesquisa, a biomédica do Kings College de Londres Ilina Singh, constatou que ninguém havia perguntado às próprias crianças - algo essencial.
O trabalho, publicado em um livro e adaptado para um filme de animação para contribuir com informações para o debate sobre remédios, foi subsidiada pela fundação Wellcome Trust. A pesquisa esclarece dúvidas sobre os sentimentos e experiências de crianças com TDAH e revela, preocupantemente, que elas frequentemente sofrem bullying na escola e que os médicos não falam tanto quanto elas gostariam sobre suas condições.
Medicamentos não são a única solução, diz Ilina - ela gostaria de ver uma pesquisa sobre meditação e terapias alternativas para crianças.
As crianças entrevistadas disseram que a medicação faz com que tenham mais tempo e espaço para considerar sua reação a coisas que podiam fazê-las agir com agressividade, porém também falaram sobre as desvantagens da medicação. Um pequeno grupo sentiu que a pessoa que utiliza remédios não é seu "eu" autêntico. "Eu não me sentia como eu mesmo quando estava tomando medicação", foi um dos comentários, e "eu estava quieto demais, não era eu mesmo".
- Dada as preocupações que surgem a partir do TDAH e dos tratamentos com remédios, é fato que as crianças são capazes de discutir abertamente com um profissional confiável sobre o diagnóstico e os diferentes tratamentos - conclui Ilina.