A sensação de cansaço é diária, a disposição para brincar com os netos já não é a mesma, aquela tosse, geralmente com catarro, não passa e a falta de ar dificulta atividades simples do dia a dia, como ir até a padaria ou mesmo subir alguns lances de escada.
Quem convive com idosos pode até pensar que esses sintomas são típicos do envelhecimento natural, mas eles podem ser sinais de alerta comuns à DPOC - Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. Enfermidade progressiva e incurável, a DPOC afeta o pulmão e compromete a capacidade respiratória, prejudicando a qualidade de vida dos pacientes.
No Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde, a DPOC acomete 8 milhões de pessoas, o que equivale a mais de 16% da população acima dos 40 anos. Os primeiros sinais, na maioria dos casos, surgem em pessoas acima dessa faixa etária, parcela que representa mais de 33% da população brasileira, mas é na idade mais avançada que a doença se torna mais grave.
- Ficar atento aos sinais simples que o corpo emite, como tosse, falta de ar e cansaço, pode ser determinante para garantir ao paciente o diagnóstico correto e o tratamento precoce - aconselha o pneumologista Clystenes Soares Silva, professor de Pneumologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Insuficiência respiratória
Com evolução lenta e progressiva, a DPOC é uma doença debilitante e incapacitante que altera o funcionamento dos pulmões, seja pela destruição do tecido pulmonar (chamado enfisema), seja pelo estreitamento dos brônquios, associada à produção excessiva de catarro (bronquite crônica) ou de ambos, combinados nas mais variadas proporções.
Um dos principais problemas da DPOC são as crises causadas pela falta de ar, popularmente conhecidas como "ataques do pulmão", que, quando ocorrem, podem levar os pacientes a internações. Em casos extremos, o desfecho é a morte por insuficiência respiratória. Segundo o Datasus, a DPOC mata 33 mil pessoas por ano no Brasil e deve se tornar a terceira causa de morte até 2030 em todo o mundo.
A boa notícia é que os medicamentos mais modernos disponíveis atualmente agem justamente na prevenção das crises.
- Os novos tratamentos são capazes de melhorar os sintomas, prevenir as crises e retardar a progressão da doença, por meio de sua ação antinflamatória - comenta Clystenes.
O médico ressalta que, embora não tenha cura, a DPOC é tratável e pode ser prevenida, interrompendo-se principalmente o cigarro e a aspiração de poluentes.