A cantora e empresária Preta Gil, 49 anos, publicou uma foto em sua conta no Instagram em que evidencia a presença de uma bolsa de ileostomia. Na legenda, ela fala sobre não sentir vergonha da condição, um sentimento comum das pessoas ostomizadas. Na grande maioria dos casos, a bolsa de ileostomia é um recurso reversível e necessário para salvar a vida do paciente.
Existem dois tipos de bolsas de intestino: a de ileostomia, que é o caso da Preta, e a de colostomia, que foi usada por personalidades como o ex-presidente Jair Bolsonaro e o ator Luciano Szafir. As duas são aberturas do intestino diretamente na pele do abdômen, com o objetivo de exteriorizar uma parte do sistema digestório. O procedimento cirúrgico é chamado de ostomia intestinal.
Quando a ostomia é realizada no intestino delgado, trata-se de uma ileostomia. Já no intestino grosso, é colostomia. Uma bolsa é acoplada ao orifício aberto para recolher as fezes, já que o fluxo passa a ser involuntário.
— A Preta fez uma cirurgia para remover um tumor, então foi feito uma emenda do intestino grosso na parte que sobrou do reto. Para essa emenda cicatrizar corretamente, é necessário fazer esse desvio temporário. É uma estratégia temporária, de dois ou três meses, que pode salvar vidas — explica o chefe do Serviço de Coloproctologia do Hospital Moinhos de Vento, Tiago Leal Ghezzi.
Em alguns casos, é possível passar pela reversão da ostomia intestinal. Segundo Ghezzi, Preta deverá fazer outra cirurgia em alguns meses, para remover a bolsa e fechar a abertura, o que fará com que a cantora volte a evacuar pelo ânus.
De acordo com o Ministério da Saúde, as ostomias permanentes são uma alternativa para condições em que é impossível o restabelecimento do trânsito intestinal. Ghezzi afirma que, na grande maioria dos casos, a estratégia é temporária, mas nem sempre:
— Mas algumas vezes, é definitivo. Existem síndromes genéticas em que o paciente apresenta várias lesões ou inflamações e tem que tirar todo o intestino grosso. Nessas circunstâncias, a bolsa fica para sempre.
Estigma
Na publicação do Instagram, Preta falou sobre não sentir vergonha de mostrar a bolsa de ileostomia. Nos comentários, centenas de pessoas ostomizadas compartilharam relatos sobre preconceito e baixa autoestima. O estigma é uma dificuldade comum de pacientes com esta condição.
— Já foi bem pior, mas hoje muitas pessoas ainda passam por isso. E elas se auto estigmatizam também. Mas a bolsa não é uma incapacidade, o paciente pode viajar, pode fazer atividades físicas, ter relações sexuais, ir à praia e viver sem limitações. É importante enfatizar que é um recurso que salva vidas — ressalta o coloproctologista.
Casos como o de Preta e o de Luciano Szafir, que em 2021 desfilou na passarela do São Paulo Fashion Week (SPFW) utilizando sua bolsa de colostomia, são importantes para desmistificar a condição. A conscientização sobre os benefícios da ostomia pode ser essencial para combater o preconceito.
*Produção: Yasmim Girardi