O Hospital Moinhos de Vento conta agora com um espaço especializado em neurologia cognitiva e dedicado à assistência, à pesquisa e à educação em relação ao declínio cognitivo. O Centro da Memória foi inaugurado na quarta-feira (23), na Clínica Moinhos de Vento Teresópolis (Cel. Aparicio Borges, 250, 3º andar, Bourbon Teresópolis). A partir da próxima semana, o espaço já estará de portas abertas para receber pacientes.
O foco do centro é atuar na investigação de problemas cognitivos, no diagnóstico preciso e precoce, no tratamento e na prevenção — o que inclui a modificação dos fatores de risco. Além do acompanhamento do paciente, o serviço também atuará na educação e orientação dos familiares e cuidadores. Os sintomas do declínio cognitivo incluem, entre outros, a alteração de memória ou da capacidade de planejar ou executar tarefas.
O espaço oferecerá consultas com neurologistas especialistas em memória, testagem cognitiva com neuropsicóloga e exames. Os pacientes também poderão participar de pesquisas, contribuindo com o avanço do conhecimento científico. Exames adicionais ou outros tratamentos, a depender do projeto, também poderão ser propostos.
Quando o declínio cognitivo leva à perda da independência, constitui-se um quadro de demência, explica Wyllians Borelli, médico neurologista e coordenador de pesquisa do Centro da Memória. No novo serviço do Hospital Moinhos de Vento, um time multidisciplinar especializado avaliará o quadro do paciente — que pode ser assintomático ou já ter um declínio, com ou sem independência.
— Nosso foco é justamente fazer o diagnóstico de pessoas que são independentes, que têm um declínio cognitivo, mas conseguem viver sozinhas, e evitar que o declínio continue, controlando fatores e propondo tratamentos precoces — destaca.
Segundo Borelli, no Brasil, 77% dos casos de demência não são diagnosticados. As pessoas tendem a achar que os sintomas são decorrentes do avanço da idade e acabam não buscando assistência.
A doença de Alzheimer é o tipo mais comum de demência. Ainda que o envelhecimento seja um dos fatores de risco, há outros: hipertensão, diabetes, obesidade, tabagismo, sedentarismo e excesso de álcool também estão relacionados a uma maior predisposição para o desenvolvimento da doença. Um estudo assinado pelos coordenadores do centro mostra que, no Brasil, 50% das demências poderiam ser evitadas se os fatores de risco fossem controlados. Para o médico, isso demonstra a importância do espaço, que terá foco em saúde pública desde o início.
Acesso ao Centro da Memória
Inicialmente, o Centro da Memória realizará consultas particulares. Já os exames poderão ser feitos por meio de planos de saúde conveniados. Os objetivos futuros incluem firmar parcerias com órgãos públicos para disponibilizar a estrutura para a população geral, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
Na avaliação de Borelli, o centro é relevante porque se torna uma referência nacional em investigação de declínio cognitivo. A instituição também espera reduzir o custo do diagnóstico para a população geral. O médico explica que o hospital decidiu investir na especialidade devido ao avanço em relação ao diagnóstico e ao tratamento do Alzheimer. Nos Estados Unidos, duas drogas já foram aprovadas para uso na tentativa de diminuir a evolução da doença.
— O hospital quer disponibilizar isso para a população também. E (decidiu investir) pela quantidade de avanços científicos e pelo envelhecimento da população gaúcha. Porto Alegre é a capital com mais porcentagem de idosos do país. Então, acaba que a população está desassistida. Nós queremos reduzir o subdiagnóstico que sabemos que existe, mas não tinha nenhum centro específico para sanar esse problema de saúde — ressalta.