O governo do Peru declarou, neste sábado (8), emergência nacional de saúde por 90 dias devido a um surto incomum de casos de síndrome de Guillain Barré, doença autoimune que afeta o sistema nervoso. Até o momento, foram identificados 182 casos da doença em 2023. Deste total, 147 pacientes receberam alta e 30 seguem internados. Em janeiro, março e maio quatro mortes ocorreram em decorrência das complicações dessa síndrome.
— Até agora controlamos a doença. A Síndrome de Guillain Barré aparece todos os anos e houve um aumento significativo nas últimas semanas que nos obriga a tomar medidas como Estado para proteger a saúde e a vida da população — informou o ministro da Saúde, César Vásquez, à imprensa, durante a sua passagem pelo Instituto Nacional de Ciências Neurológicas (INCN) onde visitou dois doentes internados por esta doença.
O plano de ação previsto pelo decreto contempla o financiamento para aquisição de bens e serviços em valor superior a 12 milhões de sóis peruanos (cerca de R$ 16,2 milhões). Segundo o ministro, parte desse dinheiro vai permitir, através do Centro Nacional de Abastecimento de Recursos Estratégicos de Saúde (Cenares), a compra de imunoglobulina para o tratamento de pacientes com a doença nos próximos dois anos.
Vásquez orientou a população de que tratamentos com plasmaferese e imunoglobolina estão disponíveis em hospitais e institutos localizados nas regiões de Áncash, Cajamarca, Callao, Huánuco, La Libertad, Lima, Loreto, Piura e Puno.
— As regiões são abastecidas com remédios, e para quem precisa iniciamos uma redistribuição na compra. Como Ministério da Saúde estamos assumindo a liderança que nos corresponde. Estamos sentados com as autoridades regionais para ver a execução orçamentária, porque os pacientes devem ter seu tratamento adequado — declarou César.
O que é síndrome de Guillain Barré
A síndrome de Guillain Barré é uma doença autoimune que costuma se desenvolver após infecções bacterianas e virais. Ela afeta o sistema nervoso e se manifesta como uma fraqueza muscular progressiva que surge em um período de duas a quatro semanas, podendo afetar também o sistema respiratório.
Entre os sintomas mais frequentes da doença estão formigamento, sensação de queimação e a falta de força nas extremidades inferiores, podendo subir para as superiores. Alteração do nível de consciência, confusão mental, sonolência, fraqueza facial, crise epiléptica, visão dupla, perda de coordenação muscular e tremores são também alguns sinais comuns em pacientes que têm a doença.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), essa doença é extremamente rara e afeta entre uma e duas pessoas a cada 100 mil habitantes anualmente. O pico ocorre entre 20 e 40 anos de idade. Aproximadamente de 5% a 15% dos casos podem evoluir para óbito, geralmente por um quadro de insuficiência respiratória, pneumonia aspirativa, embolia pulmonar e arritmias cardíacas.
Existe tratamento para a síndrome. No Brasil, ele é disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e por instituições médicas privadas.
O tratamento pelo SUS inclui a disponibilidade do medicamento imunoglobolina intravenosa (IgIV) e de um procedimento plasmaferese, que é uma técnica de transfusão que permite retirar plasma sanguíneo de um doador ou de um doente. Em suma, esse tratamento visa acelerar o processo de recuperação, diminuindo as complicações associadas à fase aguda e reduzindo os déficits neurológicos residuais em longo prazo.