A dengue clássica e a dengue hemorrágica são estágios diferentes da mesma doença, causada pela picada do mosquito Aedes aegypti. Enquanto a primeira estaciona em sintomas como febre muito alta e dores no corpo, a segunda é a evolução para um quadro grave marcado pelos sangramentos. Entenda como diferenciar a dengue clássica da hemorrágica.
Segundo o infectologista Paulo Gewehr Filho, do Hospital Moinhos de Vento, a dengue clássica apresenta quadro entre leve e moderado ou até assintomático. As primeiras manifestações costumam surgir entre cinco e seis dias após a picada do mosquito, mas pode levar até duas semanas para o paciente dar algum sinal da doença.
Os sintomas da dengue clássica são dor de cabeça, dor atrás dos olhos, cansaço, febre alta de início rápido, variando entre 39°C e 40°C, dores no corpo, dores nas articulações e vermelhidão na pele, também chamada de rash. Esse quadro se resolve em um período de cinco a sete dias, mas é fundamental procurar atendimento médico diante de qualquer suspeita.
— O fato de a pessoa morar em área com casos de dengue e ter algum sintoma já é critério para suspeita de dengue. Tem que procurar unidade básica de saúde e fazer o teste rápido, com uma gota de sangue na ponta do dedo, que fica pronto em 15 minutos — aconselha Gewehr.
Os sangramentos são os principais sintomas da dengue hemorrágica, seja pela boca, gengiva e até na hora de urinar e evacuar. Contudo, outros sinais importantes são as fortes dores abdominais e vômitos. Palidez, sonolência, agitação, confusão mental, dificuldade para respirar e boca seca completam o quadro.
— O que é a dengue grave ou hemorrágica? Quando a infecção começa a destruir plaquetas que são responsáveis pela coagulação. Então a pessoa começa a ter sangramentos externos, pela boca, nariz, urina e ânus, ou mesmo internos, para dentro. Além de perder o sangue, a pressão fica mais baixa, por isso dá sonolência, desmaios, pele esbranquiçada — explica Gewehr.
Diferença entre dengue e dengue hemorrágica
A ausência de hemorragia não significa que o quadro de dengue não é grave. Se há fortes dores abdominais e vômitos, há chance de sangramentos nas próximas 24 horas. Por isso a urgência de procurar atendimento, frisa a infectologista Caroline Deutschendorf, coordenadora da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, que também sugere que os pacientes ingiram bastante líquido.
— A pessoa precisa tomar soro na veia rapidamente para repôr todo o líquido que está perdendo. Como os vasos sanguíneos perdem a capacidade de reter o líquido, a pessoa precisa repôr rapidamente, se não a circulação não funciona adequadamente. Hidratar-se bastante é o mais aconselhável e é especialmente importante para a dengue — reforça.
É mais comum que a dengue hemorrágica ocorra em quem já tenha sido infectado pelo vírus uma vez. Isso porque há quatro tipos de dengue - 1, 2, 3 e 4 -, sendo que o mais prevalente no Brasil é o 1. Ao ser infectada pelo 1, a pessoa ganha uma proteção prolongada contra essa variante, mas ainda pode se contaminada pelas demais. É aí que pode ocorrer uma resposta exacerbada do sistema imunológico frente a uma segunda infecção.
— Quando temos a primeira infecção, o organismo desenvolve anticorpos contra esse tipo de dengue. Só que esses anticorpos, quando há uma infecção por um tipo 2, em vez de ajudarem a combater, acabam aumentando a resposta inflamatória e aumentando o risco de ter dengue grave. Por isso a chance de ter dengue grave é muito maior na segunda infecção — explica Gewehr.