Medicamento utilizado no controle do diabetes tipo 2, o Ozempic (semaglutida), na apresentação de caneta para aplicação injetável com 1mg, pode faltar nas farmácias durante o primeiro trimestre de 2023. Em nota, a fabricante, a farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk, alegou “demanda muito maior do que a prevista”.
Por não necessitar de receituário — ainda que especialistas recomendem sempre que se evite a automedicação — e ter como um dos efeitos a perda de peso, o Ozempic acaba sendo usado por um público mais amplo. Questionada pela reportagem de GZH, a Novo Nordisk do Brasil informou não poder afirmar que a potencial falta do remédio esteja relacionada à procura por indivíduos que desejam emagrecer.
“Não é possível rastrear a finalidade de uso do produto pelo paciente. Entretanto, ressaltamos que Ozempic é indicado para o tratamento de adultos com diabetes tipo 2 insuficientemente controlado, como coadjuvante da dieta e do exercício, como monoterapia. A Novo Nordisk adere a altos padrões éticos, bem como a todas as regulamentações, e não promove nem incentiva nenhuma promoção off-label de seus produtos (em desacordo com as informações descritas na bula do medicamento). Como um fornecedor responsável, só podemos recomendar o uso de nossos medicamentos em suas indicações aprovadas e de acordo com a prescrição médica”, disse a farmacêutica, via assessoria de imprensa.
No início de janeiro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), aprovou o Wegovy, também composto pela semaglutida, na versão de 2,4mg, para combater o sobrepeso e a obesidade. O produto, que necessitará de receituário médico, ainda não está à venda no Brasil.
A Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), por meio de sua assessoria de imprensa, relata que ainda não recebeu nenhuma notificação oficial sobre desabastecimento de Ozempic vinda das redes vinculadas à entidade.
Presidente da regional do Rio Grande do Sul da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM-RS), Mateus Dornelles Severo também afirma não ter percebido dificuldade, entre os pacientes atendidos, de encontrar o remédio. Consultados pelo presidente, outros membros da SBEM-RS disseram desconhecer casos de falta do medicamento.
— A versão para tratamento da obesidade é o Wegovy. O pessoal usa o Ozempic porque é o que tem, com o mesmo princípio ativo, mas em dose menor do que a do Wegovy — comenta Severo.
É fundamental destacar que o tratamento da obesidade e do sobrepeso não devem se dar, unicamente, pelo uso de medicação.
— O medicamento é uma parte do tratamento da obesidade. Precisa ter orientação nutricional, mudança de estilo de vida. O Ozempic não é um medicamento controlado, e há pessoas que acabam tirando oportunidade de quem faz tratamento contínuo para o diabetes e usando errado também — observa o endrocrinologista.
A Novo Nordisk diz que “a distribuição do medicamento é feita de forma padronizada em toda a cadeia, portanto, possíveis faltas poderão ser notadas em qualquer ponto de venda”, seja em pequenas farmácias, seja nas lojas de grandes redes.
Caso o paciente diabético venha a encontrar problemas na busca pelo Ozempic, o recomendado é que consulte seu médico para receber orientações.
Leia a íntegra da nota da farmacêutica Novo Nordisk divulgada em janeiro
“A Novo Nordisk tomou conhecimento de uma potencial falta da apresentação 1mg de Ozempic® FlexTouch® no Brasil durante o primeiro trimestre de 2023, resultado de uma demanda muito maior do que a prevista. Cabe ressaltar que não há problemas de qualidade ou regulatórios com o medicamento. A empresa notificou a autoridade sanitária brasileira sobre as restrições de fornecimento do produto conforme estabelecido nas legislações vigentes. Durante esse período, os pacientes com diabetes tipo 2 afetados têm a opção de mudar o tratamento para outros medicamentos da mesma classe (análogos de GLP-1). Para isso, eles devem consultar o seu médico e seguir estritamente as suas orientações. O reabastecimento de distribuidores, atacadistas e farmácias no país deve ser normalizado durante o segundo trimestre de 2023. A Novo Nordisk está investindo intensa e continuamente para resolver a situação e aumentar significativamente a produção anual de Ozempic®. Entendemos e lamentamos a preocupação e possíveis transtornos que essa indisponibilidade temporária poderá causar em pacientes com diabetes 2, seus familiares e cuidadores. Encaramos a situação de maneira extremamente séria e estamos trabalhando incansavelmente para superarmos esses desafios temporários.”