A China assegurou nesta quarta-feira (21) que não registrou uma única morte por covid-19 depois de alterar os critérios de definição de mortes por coronavírus, o que fará com que a maioria dos casos não seja contabilizada.
O governo chinês anunciou na terça-feira (19) que somente as pessoas que faleceram diretamente por insuficiência respiratória causada pelo coronavírus serão contabilizadas nas estatísticas de morte por covid-19. Anteriormente, eram incluídas as pessoas que faleciam por outra doença enquanto estavam infectadas pela covid-19.
Enquanto isso, os hospitais estão cheios, as prateleiras das farmácias vazias e os crematórios transbordando, depois que o governo decidiu em novembro encerrar sua política de confinamentos, quarentenas e testes em massa para conter o coronavírus.
— Atualmente, depois de ser infectado com a variante Ômicron, a principal causa de morte são as doenças subjacentes — disse Wang Guiqiang, do Primeiro Hospital da Universidade de Pequim, em entrevista coletiva da Comissão Nacional de Saúde (CNS).
— Os idosos têm condições subjacentes e apenas uma pequena parte morre diretamente de insuficiência respiratória causada por uma infecção por covid — acrescentou.
Do nordeste ao sudoeste do país, trabalhadores de crematórios disseram à AFP que estão lutando para lidar com o aumento no número de mortes. Pequim admitiu na semana passada que a escala do surto se tornou "impossível" de rastrear desde o fim dos testes obrigatórios.
Um especialista em saúde pública advertiu na terça-feira que a capital enfrentará um surto de contágios nas próximas duas semanas, que deve prosseguir até o fim de janeiro.
— Temos que agir rapidamente e preparar clínicas para febre e recursos para tratamentos graves e de emergência — disse Wang Guangfa, especialista em Medicina Respiratória do Hospital da Universidade de Pequim, ao jornal estatal Global Times.
O país registrou nesta quarta-feira 3.049 novos casos de covid-19 e nenhuma morte.
O Departamento de Estado americano indicou na segunda-feira que o aumento de infecções na China se tornou uma questão de preocupação internacional.
— Os números do vírus são preocupantes para o resto do mundo, dado o tamanho do PIB da China — disse Ned Price, porta-voz do Departamento de Estado.
* AFP