A Rede Genômica Fiocruz identificou no último sábado (12) uma nova subvariante do coronavírus, batizada de BE.9. Trata-se de uma outra vertente da Ômicron. A cepa foi identificada no Amazonas e, conforme a Fiocruz, é a responsável pelo aumento no número de casos de covid-19 no Estado.
De acordo com o pesquisador da Fiocruz Tiago Gräf, o Amazonas tem sido um território importante para o monitoramento da doença — em 2021, a variante Gama foi identificada no Estado e foi responsável pela maior crise da pandemia no Brasil. O cientista alerta para uma crescente no número de casos de covid-19 no Estado desde meados de outubro, com a média móvel saltando de cerca de 230 casos por semana para cerca de mil. Segundo ele, o cenário "tende a se repetir em outras regiões e pode estar acontecendo novamente".
Foi justamente este aumento do número de casos que motivou o trabalho da equipe responsável pela descoberta, liderada pelo virologista Felipe Naveca, da Fiocruz Amazônia. O grupo realizou o sequenciamento de mais de 200 genomas de Sars-CoV-2, entre de setembro e outubro, o que levou à BE.9. Gräf foi o responsável por analisar os resultados obtidos pela equipe de Naveca.
Segundo a Fiocruz, o estudo revela que a BE.9 é uma evolução da sublinhagem BA.5.3.1. Ou seja, é também uma Ômicron pertencente à linhagem BA.5. Sabe-se, ainda, que ela compartilha algumas das mutações encontradas também na BQ.1, mas nenhuma das duas "parece provocar aumento do número de casos graves, ao menos até o momento".
Contudo, ainda que a BE.9 não esteja associada a formas graves da doença, Gräf alerta para a necessidade de manter um monitoramento sobre ela. "A BE.9 e a BQ.1.1 têm suas diferenças em outras regiões do genoma, mas na Spike são muito similares. É por isso que é muito importante que monitoremos de perto a BE.9, pois já vimos que ela fez ressurgir a covid-19 no Amazonas e não sabemos se ela poderá fazer o mesmo no resto do Brasil", diz o pesquisador, em nota enviada pela Fiocruz.
"A BQ.1.1 já foi identificada em São Paulo, Santa Catarina, Pernambuco e Rio de Janeiro e é possível que já esteja em mais Estados. A BE.9 ainda não sabemos, pois a designação de linhagem ocorreu em 12 de novembro e a partir desta data vamos conseguir monitorar melhor", completa o cientista.
Apesar da descoberta da nova variante, o pesquisador se mantém otimista, conforme a Fiocruz, "já que o número de casos de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) e de mortes por covid-19 não parecem estar aumentando significativamente pela BQ.1.1 (conforme dados internacionais) e nem pela BE.9".
"No Amazonas, por exemplo, apesar do aumento no número de casos, a onda causada pela BE.9 é menor que a da BA.5 e muito menor que a da BA.1. E O mesmo se observa para as hospitalizações por SRAG. No Amazonas, a onda da BE.9 parece já ter atingido seu auge e deve começar a diminuir em breve", diz Gräf.