Os dentes amarelos são uma queixa comum de muitas pessoas. O problema, puramente estético, pode ser resolvido com uma prática cada vez mais comum no Brasil e no mundo: o clareamento dental. Com a opção de ser feito no consultório ou em casa, o tratamento é totalmente seguro e deve ser feito por um dentista capacitado. As receitas caseiras, que levam ingredientes como bicarbonato de sódio e carvão ativado, porém, não são uma opção segura e eficaz para clarear os dentes.
O escurecimento dos dentes ao longo da vida se dá, principalmente, pelos hábitos alimentares e pelo tabagismo. Outros fatores, como genética, idade e, até mesmo, falta de higiene bucal também podem influenciar no amarelamento dos dentes. E, para clarear, só há uma solução, que é o tratamento à base de peróxido, ou de hidrogênio, ou de carbamida, feito no consultório ou em casa, supervisionado por dentistas especialistas.
— O princípio do clareamento é o contato com o peróxido de hidrogênio ou de carbamida em uma determinada concentração e por certo período de tempo. Sem atuação de peróxido, não tem como clarear os dentes — afirma o dentista e professor do curso de Odontologia da Universidade Feevale, Fernando Portella.
Ele explica que é por isso que pastas de dentes que prometem clarear os dentes ou receitas com bicarbonato de sódio, cascas de frutas e, até mesmo, carvão, não funcionam. As pastas, mesmo contendo peróxido, não deixam os dentes mais brancos porque a concentração do ácido é muito baixa e ela não fica em contato com os dentes por tempo o suficiente. As alternativas caseiras apenas fazem uma espécie de polimento da superfície externa do dente, não sendo capaz de branquear. O bicarbonato e o carvão, que vão em algumas receitas, podem, ainda, estragar o esmalte e aumentar a sensibilidade do dente.
— O peróxido entra dentro do dente e rompe as cadeias carbônicas gigantes de pigmento, deixando-as pequenas. Não é como se o peróxido limpasse os pigmentos que deixam os dentes amarelos e eles saíssem andando, mas é que com as cadeias de pigmentos em um tamanho menor, se reflete mais luz e, assim, os dentes aparentam estar mais brancos — explica a dentista especialista em dentística restauradora e professora do curso de Odontologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Julieta Tavares.
Outro mito do clareamento dental é referente ao uso de laser para potencializar o resultado. Portella conta que, há um tempo, acreditava-se que o clareamento realizado no consultório com o auxílio de luz laser poderia aumentar a eficácia do tratamento.
— Foi comprovado que não melhora e não deixa mais rápido, mas que se o uso não for bem controlado, o aquecimento pode causar danos nos dentes — acrescenta.
No consultório ou em casa?
As três opções disponíveis para clarear os dentes são realizar o tratamento no consultório, com o dentista, em casa, com a supervisão do profissional, ou combinar as duas formas. A diferença entre elas, na prática, é pouca, uma vez que os valores e resultados costumam ser parecidos. A diferença é o tempo de tratamento e a dor.
No consultório, o dentista aplica um gel dessensibilizante nos dentes e, em seguida, o paciente recebe o gel de peróxido, com concentração entre 35% e 45%, explicam os dentistas. A consulta demora entre 40 minutos e uma hora. Já em casa, o paciente deposita o gel, com concentração entre 10% e 30%, em uma moldeira com o formato dos seus dentes, e passa uma ou duas horas com a peça na boca. Na forma conjugada, o paciente pode fazer metade do tratamento no consultório e metade em casa, tornando o processo mais rápido.
— Todas as formas de clareamento se baseiam em formas diferentes de aplicar o peróxido. Com concentração mais alta, aplicado no dentista, pode-se chegar no resultado desejado em três ou quatro consultas. Em casa, com a moldeira confeccionada pelo dentista, a concentração é mais baixa, e o paciente talvez tenha que usar por duas horas por dia, todos os dias, de três a quatro semanas — pontua Portella.
A dor, que muitos pacientes se queixam, é um sentimento forte de sensibilidade nos dentes. Em casa, o risco de dor é menor do que no consultório. A boa notícia, conta Portella, é que a sensibilidade é transitória e, após o tratamento, cessa. Quanto à duração, Julieta afirma que é difícil que os dentes voltem a ter a cor que tinham antes do início do processo de clareamento. Mas é possível que os dentes fiquem mais amarelos, sim, com o passar dos anos. A duração varia de paciente para paciente.
— O tratamento em casa, sendo mais lento, o resultado pode durar mais tempo. Porque se o gel é aplicado todos os dias, ele fica mais tempo em contato com o dente, penetra mais profundamente, então ele quebra ou clareia camadas mais dentro do dente, tem mais estabilidade e pode durar mais — explica Julieta. É difícil, prever, porém, quanto tempo o tratamento dura e qual a diferença de duração entre os dois métodos.
O valor, outro fator decisório na hora de fazer um tratamento estético, não varia muito entre as três formas de tratamento. Segundo Portella, o código de ética da profissão não permite que o valor seja tabelado e divulgado, porque cada caso deve ser analisado individualmente. Uma vez que os produtos são mais ou menos os mesmos, o preço das três técnicas, na maioria dos consultórios, como no da Julieta, é o mesmo.
— Atualmente, os consultórios estão se encaminhando por um valor unificado, porque o que o paciente busca é o clareamento dos dentes e não a técnica. Já que elas têm a mesma eficácia, faz mais sentido cobrar o mesmo valor e analisar qual a melhor técnica para o paciente — diz Portella.
Ele lembra que, por se tratar de um tratamento puramente estético, o paciente que deve sugerir ao dentista e manifestar o desejo de fazer o clareamento.
Produção: Yasmim Girardi