A Secretaria Estadual da Saúde (SES) trabalha em estratégias para ampliar a vacinação contra a covid-19 entre crianças. Uma das iniciativas em discussão com gestores e representantes da área da educação é trabalhar o assunto em escolas, seja levando o trabalho de aplicação de doses às instituições de ensino quando possível ou divulgando informações sobre a campanha de imunização para os alunos e suas famílias. Na hora da aplicação, pais ou responsáveis precisam estar presentes.
O debate se deve à baixa cobertura vacinal especialmente entre crianças mais novas – na faixa etária de três a quatro anos, liberada para ser imunizada há quase um mês, 16.716 pessoas receberam a primeira dose, entre uma população estimada de 281 mil, o que representa cerca de 6% do total. Na faixa etária de cinco a 11 anos, 67,5% dos 964 mil pequenos tiveram a primeira dose aplicada, mas o percentual cai para 45,9% quando se verifica a aplicação da segunda dose.
Além de buscar estratégias em parceria com gestores da área da educação, a SES tem orientado que as unidades de saúde aproveitem a campanha de vacina contra a poliomielite e da atualização das cadernetas de crianças e adolescentes para verificar como está a imunização contra a covid-19 nesse público.
Uma preocupação entre municípios é que o estoque de vacinas acabe. No dia 20 de julho, quando a imunização de crianças de três e quatro começou no RS, a SES realizou um levantamento de doses de CoronaVac – única fabricante que atualmente tem autorização de uso nessa faixa etária – nos municípios. Na época, foram contabilizadas 172 mil doses disponíveis, o que garantiria a aplicação da primeira aplicação em cerca de 60% desse público.
Como não houve o envio de novos lotes de vacinas dessa marca pelo Ministério da Saúde desde então, a recomendação do governo do Estado foi de que os municípios usassem apenas metade dos estoques, para garantir que haja unidades suficientes para a segunda dose. Nesta segunda-feira (15), contudo, o governo federal formalizou a compra de um milhão de novas doses da CoronaVac, que devem ser entregues até a metade de setembro, o que deve desafogar a situação das prefeituras.
Na Capital
Em Porto Alegre, a procura também está abaixo da esperada – em média, 400 a 500 crianças de três e quatro anos são vacinadas por dia. No entendimento da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o grande problema é o acesso da população.
— Percebemos que existe uma busca bem importante no horário estendido das unidades de saúde e aos finais de semana. Por isso, disponibilizamos a vacinação infantil até as 21h em nove unidades de saúde e aos sábados, além de fazer a imunização em dois shoppings — relata a diretora de Atenção Primária em Saúde de Porto Alegre, Caroline Schirmer.
Além da dificuldade de acesso às doses, Caroline cita como outro motivo para a baixa cobertura vacinal nessa faixa etária o medo dos pais.
– A covid acometeu muitos idosos e pessoas com comorbidades, mas também houve crianças morrendo da doença: foram 60 mortes de crianças de três e quatro anos aqui no Estado até junho. É pouco, mas teve, e não queremos que seja com o nosso filho — adverte a diretora.
Caroline destaca, ainda, a importância da aplicação das doses de reforço, uma vez que, após seis a oito meses, estudos apontam que a produção de anticorpos no organismo diminui.