O IPE Saúde, plano que assiste cerca de 1 milhão de usuários, adiou a entrada em vigor da nova tabela própria de remuneração pelos medicamentos usados em internações e atendimentos hospitalares. É com base nessa referência de preços que o IPE Saúde paga os hospitais.
A nova precificação - com valores mais baixos, o que reduziria a conta com os prestadores de serviço - entraria em vigência no dia 5 de maio, mas houve acordo entre IPE Saúde e entidades de representação dos hospitais filantrópicos e das santas casas de que era necessário adiar. Agora, as novas cifras começarão a valer em 26 de maio. Enquanto continuam as negociações, o atendimento aos segurados do IPE Saúde, em maioria servidores públicos estaduais, mantém-se normalmente.
"As equipes técnicas do instituto e dos hospitais credenciados ainda precisam de mais dias para a continuação do trabalho que vem sendo realizado em conjunto. Houve o entendimento de que, em função da complexidade e da magnitude da mudança, é necessário ampliar o prazo de conclusão das atividades", diz nota do IPE Saúde.
Esse foi o segundo adiamento do início da vigência da tabela de medicamentos com preços reduzidos. Inicialmente, a previsão era 5 de abril, mas os hospitais reagiram ao movimento, avisaram publicamente que não teriam condições de arcar com a perda de receita pelos medicamentos e citaram dívidas em aberto do IPE Saúde em cerca de R$ 1 bilhão. As instituições de saúde afirmaram que reduzir a tabela de medicamentos iria tornar deficitária a relação com os segurados do plano.
Por conta da crise, as entidades que representam os hospitais ameaçaram suspender o atendimento aos usuários do IPE Saúde, o que deixaria 1 milhão de pessoas sem o plano de saúde. O IPE Saúde justifica que corrigir a tabela própria de medicamentos, com decréscimo nos valores, é necessário porque há preços acima dos valores de mercado, com apontamentos do Ministério Público.
Para contornar a contenda, o IPE Saúde abriu discussão para corrigir simultaneamente outras duas tabelas que estão defasadas, a de taxas e a de diárias. Com isso, os hospitais receberiam remunerações maiores nesses dois itens, numa tentativa de equilibrar a situação. Com a correção de três referências em análise, a opção foi pelo adiamento.
— A medida é positiva neste momento, já que os estudos ainda dependem de uma análise mais aprofundada por parte de cada instituição de saúde e do próprio IPE — afirma Cláudio José Allgayer, presidente da Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do Rio Grande do Sul (FEHOSUL).
As medidas planejadas pelo IPE Saúde, sob condução do presidente Bruno Jatene, fazem parte de um movimento que prioriza a redução de despesa do plano. O objetivo, diz o governo estadual, é assegurar a viabilidade financeira. Num segundo momento, Jatene afirma que será necessário buscar também a ampliação de receitas.