A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta quarta-feira (16), que a decisão sobre o uso emergencial da vacina russa Sputnik V contra a covid-19 vai atrasar em razão da guerra na Ucrânia.
A diretora-geral adjunta da OMS, Mariangela Simão, disse em entrevista coletiva que funcionários da OMS iriam à Rússia no dia 7 de março para inspecionar as instalações onde a vacina russa, chamada Sputnik V, é fabricada.
— Estas inspeções foram adiadas para uma data posterior — afirmou Simão.
— A avaliação e as inspeções foram afetadas pela situação — acrescentou, explicando que a delegação teve problemas para reservar voos e usar cartões de crédito, "e outros problemas operacionais".
Os países ocidentais fecharam principalmente seu espaço aéreo para aviões russos e impuseram pesadas sanções econômicas contra a Rússia e suas instituições financeiras após a invasão da Ucrânia.
— Esta situação foi discutida com autoridades russas e uma nova data será definida o mais rápido possível — disse Simão.
A OMS estuda a possibilidade de aprovar o uso emergencial da vacina russa desde o ano passado. A autorização permitiria que a vacina russa fosse usada no programa COVAX da ONU, que distribui vacinas para países pobres, e daria credibilidade ao Sputnik V, que foi recebida com desdém pela comunidade científica.
Um estudo, publicado em 2020 pela Lancet em 2020 e envolvendo mais de 20 mil pessoas, descobriu que a Sputnik V estava livre de efeitos nocivos, tinha 91% de eficácia contra infecções, além de prevenir sintomas graves.
Mas em outubro do ano passado, o regulador farmacêutico da África do Sul rejeitou a vacina russa, citando perguntas que o fabricante russo não conseguiu responder. As autoridades sul-africanas temem que a tecnologia usada no Sputnik V possa ter efeitos nocivos em populações com alta incidência de HIV.
A Agência Europeia de Medicamentos diz que ainda está avaliando a eficácia da Sputnik V, que foi aprovado em mais de 70 países.