A temporada de cruzeiros, aberta em novembro após dois anos sem operação, já tem indicadores preocupantes e que motivaram a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a recomendar a interrupção da navegação de navios desse tipo pelo Brasil. Segundo o órgão federal, houve um crescimento exponencial de casos de covid-19 a bordo entre passageiros e tripulantes. Em 55 dias, até o dia 25 de dezembro, foram 31 notificações. Nos últimos nove dias, foram registrados 798 casos, um aumento de 25 vezes.
A Anvisa divulgou uma nota técnica na última sexta-feira de 2021 sugerindo ao Ministério da Saúde a suspensão temporária das viagens de navios no país. "A recomendação da Agência teve como fundamento o aumento vertiginoso dos casos de covid-19 a bordo das embarcações nos últimos dias, que indica uma mudança radical do cenário epidemiológico", diz o texto.
O órgão regulador ressalta que já havia se posicionado pela inviabilidade de viagens em navios de cruzeiros. "Tal mudança repentina e brusca do contexto epidemiológico, provavelmente decorrente do surgimento da variante Ômicron, requer nova avaliação do cenário da pandemia de covid-19, nos termos da Portaria GM/MS 2.928/2021, que dispõe que a autorização da operação de navios de cruzeiro poderá ser revista a qualquer momento em função dos desdobramentos do contexto epidemiológico dos navios de cruzeiro ou de alterações do cenário epidemiológico nacional e internacional (§ 1º do art. 15)."
Segundo a Anvisa, em reunião nesta segunda-feira (3) com representantes do Ministério da Saúde, Estados e municípios foram unânimes em apoiar a orientação. "As recomendações e ações por parte da Agência foram pautadas em critérios técnicos e sanitários, a partir das melhores evidências disponíveis e com fundamento no princípio da precaução, com a finalidade de reduzir o risco de ocorrência de agravos à saúde."
Nesta segunda-feira, os passageiros do Costa Diadema desembarcaram no porto de Santos, no litoral paulista. Outros dois navios tiveram registros de coronavírus. O MSC Splendida atracou em Santos, enquanto o Preziosa - que pertence à mesma empresa - desembarcou os passageiros no Rio de Janeiro no domingo, dia 2.