Pessoas com doenças alérgicas, como eczema, dermatite atópica ou rinite alérgica, podem ter um menor risco de contrair covid-19. A conclusão é de um estudo feito no Reino Unido, pela Universidade Queen Mary de Londres, publicado na revista científica Thorax, que buscou entender como diferentes fatores, como demográficos, socioeconômicos e de comorbidade, se relacionam com a probabilidade de desenvolver covid-19.
Os pesquisadores analisaram os dados de 16 mil pessoas que responderam um questionário online entre 1º de maio de 2020 e 5 de fevereiro de 2021. Foram questionadas características sociodemográficas, tipo de ocupação, estilo de vida, peso, altura, condições médicas de longa data, uso de medicamentos, estado de vacinação, dieta e ingestão de micronutrientes suplementares. O acompanhamento contou também com um questionário mensal sobre sintomas de covid-19 e testagem. A idade média dos participantes foi de de 59,4 anos, 69,8% eram mulheres e 94,9% se identificaram como brancos.
Durante o período de estudo, 446 participantes testaram positivo para covid-19 pelo menos uma vez, sendo que 32 foram hospitalizados. Os pesquisadores ajustaram os resultados conforme fatores como idade, sexo, duração da participação, frequência de teste, tipo de moradia, status de trabalhador da linha de frente, atividade física, ingestão de álcool, IMC, entre outros. Probabilidades mais baixas de covid-19 foram independentemente associadas à histórico de doenças atópicas.
A análise demonstrou chances 23% menores para participantes com doenças atópicas e 38% menor para participantes com doenças atópicas combinadas com asma, em comparação com participantes sem esses fatores.
O estudo ainda concluiu que participantes com etnia asiática, superlotação doméstica, emprego como trabalhador da linha de frente fora da saúde e assistência social, sobrepeso ou obesidade foram todos independentemente associados a um risco aumentado de covid-19 confirmado por teste, com até duas vezes mais chance.
Outro resultado da pesquisa foi o fato de que usuários de imunossupressores apresentaram até 53% menos chance de contrair covid. Os pesquisadores alertaram, entretanto, que o resultado pode refletir o maior cuidado desse grupo social para evitar a infecção. Como o estudo é observacional, não é possível estabelecer uma relação de causa e consequência.
Foi apresentado ainda que uma série de fatores de risco estabelecidos para quadros graves da doença, como idade avançada, sexo masculino e comorbidades, como diabetes, doença cardíaca e hipertensão, não foram associados ao risco de desenvolver covid-19 no estudo. Cerca de 93% das pessoas com esses fatores que contraíram doença durante o acompanhamento tiveram casos predominantemente leves.