A capital gaúcha atingiu, nesta quarta-feira (6), o percentual de 70% da população a partir dos 12 anos com o esquema vacinal completo contra a covid-19. Já o índice de pessoas com pelo menos uma dose chega a 96,2%, mostra o painel que acompanha o andamento da imunização em Porto Alegre.
Ao considerar a população total do município, ou seja, mais de 1,4 milhão de habitantes, esse percentual é de 78,5% com a primeira dose e 57,7% com o esquema completo. Embora muito tenha se falado que a imunidade coletiva, ou de rebanho, seria alcançada com o atingimento de 70% a 80% da população vacinada, a médica Flávia Bravo, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) destaca que esse índice é variável. Ele depende, entre outros fatores, da capacidade infectante e de transmissão do agente, por exemplo.
— Primeiro, é preciso entender que a imunidade coletiva é uma consequência da vacinação em massa. Ou seja: um grande número de pessoas, e essa quantidade pode variar ao ponto de conseguir reduzir a circulação do vírus e causar um impacto na doença em termos epidemiológicos e assim conseguir proteger indiretamente a população como um todo, incluindo os não vacinados — esclarece.
Fora isso, ao se falar em população, é preciso se ter em mente a qual grupo estamos nos referindo, acrescenta Flávia. Isso ocorre porque algumas doenças, mesmo que transmitidas para diversos grupos, impactam mais uns do que outros.
— Quanto maior a capacidade de infectar grupos diferentes, ou seja, causar doença grave, internação, maior também é o número de vacinados que vou precisar para conseguir esse efeito. Por isso é prematuro (falar em imunidade coletiva), e ninguém consegue cravar um percentual seja nos grupos prioritários, seja na população em geral, porque ainda estamos descobrindo muita coisa — avalia a médica.
Flávia pondera que também é preciso atentar para a duração da proteção dos imunizantes.
— Estou dizendo que preciso de “X%” vacinada, mas quanto dura essa proteção? Vou precisar fazer doses adicionais em outros grupos? — lembra.
Em Porto Alegre, o grupo com maior adesão à campanha de vacinação é o de pessoas com 60 anos ou mais, que já superou os 100%. Isso porque a prefeitura estima o público total com base nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sem considerar a população flutuante. Indígenas e quilombolas chegam a 88,5% com duas doses, e indivíduos com comorbidades passam dos 75%. O público entre 12 e 17 anos, que foi incluído no processo há poucas semanas, já atingiu 8,4% de vacinados com a primeira dose.