Medicamento de uso comum para aliviar dores de cabeça, a aspirina (ácido acetilsalicílico, ou simplesmente AAS) também é utilizada para evitar a formação de placas de gordura dentro dos vasos sanguíneos. Essa última recomendação, no entanto, está sendo revista por autoridades norte-americanas. Em um documento preliminar, publicado na terça-feira (12), a United States Preventive Services Taskforce orientou cautela no uso da droga.
De acordo com texto, pessoas de 40 a 59 anos que tenham risco elevado de doença cardiovascular, porém sem histórico prévio do problema, devem decidir junto ao seu médico o uso ou não da aspirina. Já aqueles com 60 anos ou mais não devem começar a tomar o medicamento. As justificativas são os potenciais risco de hemorragia.
— O documento leva em consideração riscos, especialmente a hemorragia digestiva, estomacal e o AVC. No entanto, é importante lembrar que tudo na medicina é questão de risco-benefício. A recomendação de ingestão deste medicamento depende totalmente dos eventos cardiovasculares que o indivíduo apresenta. O AAS é importante na prevenção de episódios isquêmicos oriundos da aterosclerose e deve ser tomado de acordo com orientação médica — observa o médico Glauber Signorini, diretor-técnico do Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul.
Signorini reforça que, por ora, esse texto não deve resultar em mudança nas condutas médicas brasileiras. Portanto, a recomendação para pacientes que fazem uso do medicamento é manter o tratamento conforme a prescrição médica.
— Não deve parar. Assim como é importante evitar a automedicação, também deve-se evitar alterar tratamentos em curso por conta própria. Só um médico pode avaliar qual é o risco-benefício do tratamento levando em consideração as comorbidades do paciente — alerta,
Chien-Wen Tseng, membro da Task Force, também orientou o AAS seja mantido naqueles pacientes que já o utilizam.
— As últimas evidências são claras: começar um regime diário de aspirina em pessoas com 60 anos ou mais para prevenir o primeiro ataque cardíaco ou AVC não é recomendado. Entretanto, esse documento não é direcionado para quem já toma aspirina por um desses problemas prévios. Eles devem continuar tomando, a menos que o médico contraindique.