Anunciada pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a redução de 12 para oito semanas de intervalo entre as duas doses da AstraZeneca deve demorar a sair do papel no Rio Grande do Sul. Por enquanto, a prioridade da Secretaria Estadual da Saúde será imunizar os adolescentes sem comorbidades e dar a dose de reforço para os idosos. O intervalo mais curto só será posto em prática quando o Ministério da Saúde oferecer as garantias necessárias de que haverá vacinas suficientes para todas as demandas.
Segundo a chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Tani Ranieri, apesar de anunciada por Queiroga, a diminuição do intervalo da AstraZeneca ainda não se sustenta em nenhuma nota técnica que tenha sido encaminhada pelo Ministério da Saúde ao governo do Estado. O ministro disse na segunda-feira (13) que a mudança ocorreria a partir desta quarta-feira (15).
— A redução do intervalo requer que o Ministério da Saúde tenha um cronograma de entrega de vacinas em quantidade suficiente não só para atender essa frente de imunização dos adolescentes e a dose de reforço dos idosos, mas também para reduzir em quatro semanas o intervalo entre as doses — afirma a chefe de divisão, que destaca que as pessoas idosas são, hoje, as que têm tido casos mais graves de covid-19 e até mesmo morrido.
O anúncio de mudança no espaçamento entre as doses da AstraZeneca ocorre em meio à falta de imunizantes da fabricante em diferentes lugares do Brasil. Em São Paulo, o governo está aplicando segundas doses da Pfizer em quem tomou a primeira da AstraZeneca e está com a imunização atrasada. No Rio Grande do Sul, pelo menos dois municípios – Imbé e Capão da Canoa, no Litoral Norte – estão com o estoque de AstraZeneca zerado. Mesmo assim, o Estado não cogita, por enquanto, a intercambialidade de vacinas.
— Na impossibilidade de completar o esquema vacinal com o mesmo imunizante, pode se lançar mão do uso de uma vacina de outro laboratório, mas temos previsão de receber novas doses da AstraZeneca. Então, vamos aguardar — relata Tani.
Com remessas atrasadas, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que produz a vacina da AstraZeneca para o Brasil, divulgou nota informando que, nesta terça-feira (14), deve ser iniciada a liberação de novos lotes de imunizantes que estão na etapa de controle de qualidade. O laboratório não revelou quantas doses serão entregues, mas prevê que, até o final de setembro, 15 milhões de unidades sejam disponibilizadas ao Ministério da Saúde, que faz a distribuição para os estados.