Correção: o Dia D de vacinação será em 16 de outubro e não em 2 de outubro, como publicado entre 16h35min de 30/09 e 10h41min de 02/10. O texto já está corrigido.
Sem atingir a meta de imunização em dez vacinas do calendário infantil nos últimos quatro anos, o governo gaúcho quer aproveitar a Campanha Nacional de Multivacinação para atualizar as cadernetas de 2 milhões de crianças e adolescentes menores de 15 anos. O mutirão começa nesta sexta-feira (1º) e segue até dia 29 de outubro.
Conforme calendário anunciado pelo Ministério da Saúde, o Dia D da força-tarefa será no dia 16 de outubro, um sábado, quando os municípios são convidados a abrirem as portas dos postos de saúde de maneira extraordinária para colocar em dia as doses em atraso.
Dados da Secretaria Estadual da Saúde (SES) apontam que, desde 2017, o Rio Grande do Sul não atinge a meta de 95% do público-alvo vacinado em nenhum dos dez imunizantes previstos até o primeiro ano de idade. No ano passado, os índices ficaram abaixo dos 90%.
A queda na cobertura, agravada pela pandemia da covid-19, acende um alerta sobre o risco do retorno de doenças já erradicadas em território brasileiro. Uma das ameaças é a volta da pólio, também conhecida como paralisia infantil. O último caso de poliomielite registrado nas Américas ocorreu no Peru, em 1991, e o continente americano recebeu o Certificado de Eliminação do Poliovírus Selvagem em 1994.
No Rio Grande do Sul, o último caso confirmado ocorreu em Santa Maria, no ano de 1983. Embora o país está há quase 30 anos sem casos confirmados, o risco de reintrodução da doença existe, pois o vírus permanece circulando em dois países, Paquistão e Afeganistão.
Índices baixos de vacinação aumentam os riscos também para coqueluche, sarampo, caxumba, rubéola, varicela, meningite meningocócica e pneumocócica, gastroenterite por rotavírus e hepatites A e B, entre outras.
Conforme a chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Tani Ranieri, a queda nos índices também está relacionada ao desconhecimento dessas doenças.
— Na medida em que as doenças passam a não circular mais, justamente porque se mantiveram elevadas coberturas vacinais, principalmente a partir dos anos 2000, muitas doenças tornaram-se desconhecidas, fazendo com que algumas pessoas não tenham noção do perigo representado por elas — considera.
Tani destaca que houve ainda um agravamento desse quadro em virtude da pandemia de covid-19 e que o atual momento enfrentado reforça a importância em ter a vacinação em dia.
— Com o retorno gradativo à rotina, as crianças estão voltando a frequentar as escolinhas e as doenças podem reaparecer também, já que os vírus podem circular novamente em função das baixas coberturas vacinais desse público — ressalta.