Correção: conforme o Centers for Disease Control and Prevention (CDC), o nome da variante norte-americana é Iota, e não Lota, como publicado entre 12h09min e 12h52min desta quarta-feira (11). O texto já foi corrigido.
Um estudo realizado nos Estados Unidos surpreendeu pesquisadores ao mostrar que uma variante norte-americana do coronavírus pode ser até 60% mais mortal do que a originada em Wuhan, na China, quando comparada com a cepa original. A pesquisa também aponta que a cepa, chamada de Iota, tem taxa de transmissão e capacidade de escapar do sistema imunológico maiores do que se previa inicialmente. Ela foi identificada pela primeira vez em novembro de 2020, em Nova York, e não há casos registrados no Brasil até o momento. As informações são do jornal O Globo.
O trabalho foi desenvolvido por especialistas do Departamento de Saúde e Higiene Mental da Cidade de Nova York e da Escola Mailman de Saúde Pública, da Universidade de Columbia, e ainda não foi revisado por outros pesquisadores — procedimento adotado em trabalhos científicos. Mesmo assim, os resultados chamaram a atenção ao indicar que a Iota consegue escapar do sistema de defesa do organismo em até 10% dos casos e que tem taxa de letalidade semelhante à Alfa, que foi detectada primeiro no Reino Unido e é 60% mais mortal do que a original.
Para obter os resultados, os pesquisares utilizaram uma modelagem matemática para determinar a taxa de transmissão e, então, compararam os índices com base em dados epidemiológicos e populacionais coletados em Nova York. Segundo O Globo, esses modelos matemáticos costumam apontar um número de casos e mortes aproximados da realidade, ao contrário do que pode acontecer quando se analisa somente dados epidemiológicos, por exemplo, pois há risco de que a taxa de mortalidade seja aumentada devido à subnotificação de casos.
Ao jornal, o geneticista Salmo Raskin, diretor do laboratório Genetika, em Curitiba, afirmou que a Iota já chama a atenção dos especialistas “porque tem características de transmissão, escape da resposta imunológica e taxa de letalidade semelhantes à variante Alfa, uma das quatro cepas de preocupação”.
Além das taxas, o estudo mostrou que a variante norte-americana começou a perder força em Nova York a partir de janeiro deste ano, quando a Alfa passou a circular nos Estados Unidos. No entanto, ainda não se sabe qual o impacto da Iota diante da Delta — cepa que se sobrepôs à Alfa, fazendo com que o número de internações no país voltasse a aumentar.
— Se vencer a luta evolutiva contra a Delta, é bem possível que ela passe da classificação usada na ciência de “cepa de interesse” para “cepa de preocupação” — ressaltou Raskin ao O Globo.
As variantes de preocupação são aquelas que, além de se alastrar, elevam a taxa de transmissão, mudam ou aumentam os sintomas, e reduzem a efetividade de diagnósticos, vacinas e tratamentos terapêuticos. Entretanto, outras pesquisas já apontaram que a Iota não é tão resistente aos tratamentos, e evidências mostram que ela não aumenta o risco de infecções graves em pessoas imunizadas ou que já tiveram a doença.
Risco para o Brasil
Ainda de acordo com O Globo, a variante Iota já foi identificada em todos os 52 Estados norte-americanos e está presente em ao menos 27 países. Para o geneticista Salmo Raskin, existe a possibilidade de que ela chegue ao Brasil por meio de viagens internacionais ou em decorrência do descontrole da pandemia, que pode fazer com que essa e outras cepas surjam de forma espontânea no país.
— As variantes que apresentam mutações nos genomas não chegam apenas por pessoas que viajam de um lugar para o outro. Estas variantes mostram, do ponto de vista evolutivo, que o coronavírus se adapta melhor mudando o código genético. Isto quer dizer que em qualquer lugar do mundo em que existir qualquer variante do coronavírus, ele pode se modificar naturalmente para uma variante Iota ou outra qualquer — finalizou.