A Flórida se tornou, nas últimas semanas, um dos focos da pandemia de covid-19 nos Estados Unidos, com um forte aumento de infecções, inclusive entre crianças e adolescentes. Na última sexta-feira (6), o Estado registrou o recorde diário de novos casos com 22.783 confirmações, segundo os Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).
Os Estados Unidos também têm recorde de crianças e adolescentes internados com covid-19. De acordo com o diretor dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês), Francis Collins, são 1.450 internados com a doença. Na Flórida, há 143 crianças e adolescentes hospitalizados por complicações da covid-19.
Apenas 1% dos menores infectados precisa de internação, diz Marcos Mestre, diretor do Hospital Infantil Nicklaus de Miami. Mas o contágio pode causar complicações para crianças e adolescentes com problemas de saúde, como diabetes ou excesso de peso, explica.
— É verdade que as crianças não adoecem como os adultos — lembra Mobeen H. Rathore, diretor do Departamento de Doenças Infecciosas e Imunologia Pediátrica da Universidade da Flórida. — Mas também adoecem, também são hospitalizadas, também entram na UTI e morrem de covid.
Como em outros Estados do sul, como a Louisiana, por exemplo, a variante Delta se espalhou rapidamente na Flórida entre a população não vacinada, que inclui muitos menores de idade. A cepa originária da Índia é mais contagiosa e tem imposto desafios a todos os países, inclusive, àqueles que estão com a vacinação avançada. Apenas 49% da população americana está completamente imunizada contra a covid-19, de acordo com dados da plataforma Our World in Data, da Universidade de Oxford.
A vacina da Pfizer foi a primeira a ser aprovada nos Estados Unidos para o grupo etário a partir de 12 anos de idade, assim como no Brasil. Para crianças menores não há imunizante autorizado, embora já haja pesquisa sendo feita.
Disputa política pelas máscaras
Diante da repercussão da pandemia, o CDC agora recomenda que alunos, professores e funcionários de escolas usem máscaras, estejam ou não vacinados, para impedir a propagação do vírus.
Essa mensagem contrasta com a do governador da Flórida, Ron DeSantis, que assinou uma ordem executiva na semana passada para impedir que as escolas obrigassem seus alunos a usar máscaras. O político republicano ameaçou retirar os fundos estaduais aos distritos escolares que não cumprirem sua ordem, provocando resistência de várias escolas.
Após dias de incerteza, o Departamento de Saúde da Flórida autorizou na sexta-feira as escolas a exigir o uso de máscaras em suas instalações. Mas, na tentativa de agradar a todos, também deu permissão aos alunos para ignorarem a obrigação caso os seus pais autorizem.
O debate transcendeu os limites da Flórida e chegou até a Casa Branca. Na terça-feira, Biden criticou DeSantis e outros governadores republicanos que se opõem às máscaras nas escolas.
— Se não vão ajudar, saiam do caminho — disse o presidente.
— Se mexer com os direitos na Flórida, vou ficar no caminho — rebateu DeSantis.