A Associação dos Municípios da Região Centro (AM Centro) vai encaminhar um ofício ao governo do Estado contestando a classificação de Aviso recebida pela região na tarde de quarta-feira (4) pelo Gabinete de Crise do Piratini.
Conforme o prefeito de São João do Polêsine, Matione Sônego, que é presidente do Comitê Regional em Saúde e vice-presidente da AM Centro, pelos números da região, a classificação não caberia neste momento. Por isso, a Associação encaminhará questionamento e também solicitará mais informações sobre a classificação de Aviso:
_ Os dados dessa semana apontam que os nossos indicadores estão melhores. Então, se na última semana já estávamos em uma situação satisfatória, e essa semana está melhorando, isso indica que deveríamos estar fora desse Aviso _ afirma Sônego.
Outro questionamento da AM Centro, segundo o prefeito, é consideração, por parte do Gabinete de Crise, das internações por síndromes gripais junto com às de covid-19.
_ Os dados para manter esse Aviso consideram internações por casos gripais. É óbvio que nesse momento de inverno isso vai aumentar. Gripe temos todos os anos. Não são casos de covid. Esse é o nosso principal questionamento. Por que nesse momento em que os dados são melhores, o governo começa a usar os dados da gripe junto aos de covid?
Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, na manhã desta quinta-feira (5), o secretário de Articulação e Apoio aos Municípios, Luiz Carlos Busato, explicou que a classificação de Aviso é uma preocupação com a desaceleração na redução das internações e não especificamente com aumento de hospitalizações:
_ O Aviso tem o objetivo de chamar a atenção de que alguma coisa diferente está acontecendo no ar. Não foi aumento de internação em leitos, não. O que houve foi uma desaceleração do número de queda de internações. Vínhamos em progressiva queda de ocupação de leitos. Atingimos ontem (quarta), 1.273 leitos livres de UTI, isso é um número que até então não tínhamos atingido. A ocupação de UTIs, ontem, estava em 62,4%. Mas enquanto as UTIs diminuíram 32 vagas, os leitos clínicos diminuíram apenas três. Então, nos últimos três dias, percebemos que houve uma pequena desaceleração na queda de internações e isso nos causou uma preocupação _ justificou Busato.
NÚMEROS
No documento emitido pelo Estado, a justificativa para a classificação das regiões R01 e R02, que têm Santa Maria como referência, é que houve um aumento de 171,9% nas hospitalizações entre o dia 23 de julho e a terça-feira (3): "Em 23/07 a Região de Santa Maria - R01 R02 apresentava 5,7 novas hospitalizações acumuladas na semana reportadas no Sivep Gripe para cada 100 mil habitantes. Em 03/08 esse número estava em 15,5, o que representa um aumento de 171,9% no período."
No mesmo relatório, são apresentados outros dados relacionados a internações, mas no período entre 21 e 28 de julho, e exclusivamente quanto a pacientes com covid-19. Em UTI, a redução nas internações foi de 23,6%, enquanto nos leitos clínicos foi de 23,3%. A taxa de ocupação dos leitos intensivos está em 65,4% na região.
Nesta mesma semana, entretanto, foram 78 novas internações por covid-19 em relação à semana anterior, um aumento de 36,8%. Além disso, foram registrados 15 óbitos na semana, uma redução de 43,8% e 490 novos casos confirmados, uma queda de 81,1%.
A AM Centro também enviará ao Estado dados coletados pelas secretarias municipais de saúde sobre internações, novos casos e óbitos por covid-19 na região. De acordo com esses levantamentos, houve redução de 30,3% no número de internados por covid em leitos de UTI e de 20,1% em leitos clínicos, em relação à semana passada. O documento sustenta ainda que a ocupação dos leitos intensivos pelo SUS está abaixo dos 60%, com 47 vagas livres.