O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que assinará nesta sexta-feira (14) o contrato que prevê a aquisição de mais 100 milhões de doses da vacina da Pfizer. Desse montante, 30 milhões chegariam até o fim deste ano, somando-se às 100 milhões já previstas até setembro no âmbito do primeiro contrato. Ou seja, seriam 130 milhões de imunizantes da farmacêutica até acabar 2021.
Sobre a Pfizer, ponto central da CPI da Covid em curso no Senado, o ministro evitou tecer comentários relativos à suposta omissão do governo brasileiro durante a gestão do general Eduardo Pazuello na Saúde.
— Não estou aqui para julgar ninguém. Sou ministro da Saúde, não participei dessas negociações — disse. — Fui à CPI, prestei os esclarecimentos aos senadores, fiquei lá mais de 10 horas. Nosso dever como brasileiro é ficar à disposição das autoridades para prestar contribuições e fortalecer nossa democracia. Se julgarem conveniente que eu vá novamente, irei como fui da última vez, entrando pela porta da frente.
A reconvocação de Queiroga é cogitada porque, segundo os senadores, ele não foi enfático ao falar sobre a cloroquina, medicamento ineficaz para o combate à covid-19 que foi defendido pelo presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia.
Chefe da farmacêutica americana Pfizer no Brasil à época das negociações para compra de vacinas contra a covid-19, Carlos Murillo participou nesta quinta-feira (13), da CPI da Covid no Senado. Atualmente, ele é gerente-geral da empresa para a América Latina.
Em depoimento, Murillo afirmou que o governo Bolsonaro ignorou por três meses negociações de vacina. Segundo ele, a empresa sugeriu 100 milhões de doses a serem entregues em 2020 e 2021, mas o governo federal só respondeu no dia 9 de novembro.
Ao abordar temas mais políticos, o ministro também negou que haja problemas diplomáticos com a China para o recebimento de ingrediente farmacêutico ativo (IFA). A dificuldade em receber esses insumos faz com que o Butantan e a Fiocruz prevejam atraso na produção das vacinas CoronaVac e Oxford/AstraZeneca, respectivamente.
Ele também jogou para a Fiocruz a responsabilidade de responder sobre a data em que será oficializado o acordo tecnológico que permitirá ao país produzir IFA. Disse apenas que está "na iminência" de ser finalizado. Quando isso for permitido, segundo o ministro, o Brasil poderá produzir 1 milhão de doses diárias de vacina.
Queiroga esteve no Rio para dar início à vacinação de atletas que disputarão as Olimpíadas de Tóquio, no Japão, em agosto deste ano. Participaram do evento, no Centro de Capacitação Física do Exército, os atletas Rosângela Santos, do atletismo; Ana Marcela Cunha, de maratona aquática; Larissa de Oliveira, da natação; Marcus Vinicius D'Almeida, do tiro com arco; Caio Ribeiro, da canoagem paralímpica; e Michel Pessanha, do remo paralímpico.
— Fui bloqueado de competir em alguns países e, com a vacina, sinto que vou conseguir concluir meu ciclo. E sem o medo de chegar perto da Olimpíada e cair doente, interrompendo todo um trabalho de 11 anos no esporte — disse Marcus Vinicius D'Almeida.
A vacinação também começou hoje em outras cidades – São Paulo, Brasília, Fortaleza, Porto Alegre e Belo Horizonte –, mas o Rio foi a escolhida para ter a presença do ministro e a cobertura da imprensa.