Diante de uma situação "desesperadora" nos hospitais do Rio Grande do Sul, o governador Eduardo Leite enviou, nesta quinta-feira (15), novo pedido de medicamentos do kit entubação ao Ministério da Saúde. Os remédios são usados para sedação de pacientes graves internados em unidades de terapia intensiva com covid-19.
No ofício dirigido ao ministro Marcelo Queiroga, Leite apresenta uma tabela indicando quais medicamentos estão com estoques críticos nos hospitais gaúchos, como Atracúrio (anestésico), Atropina (suporte circulatório), Cisatracúrio (bloqueador neuromuscular), Diazepam (sedativo), Midazolam (sedativo) e outros. O governador solicita, no total, o envio de 22 fármacos usados na entubação de pacientes com coronavírus.
— A situação é desesperadora. Precisamos com urgência que o Ministério da Saúde nos auxilie a repor os estoques dos hospitais, sob pena de os pacientes entubados acordarem sem medicação, e isso seria terrível — afirma a secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann.
Queiroga anunciou na tarde desta quinta-feira (15) doação de 2,3 milhões de medicamentos do kit entubação. Os insumos foram adquiridos na China e entregues ao governo federal por um grupo de empresas formado pela Petrobras, Vale, Engie, Itaú Unibanco, Klabin e Raízen. A carga chega nesta noite em São Paulo e a partir desta sexta-feira (16) os remédios devem ser remetidos aos Estados.
— Com base em experiências anteriores, a expectativa é de que em menos de 48 horas os medicamentos sejam distribuídos para todos os estados — disse o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz.
Para o Rio Grande do Sul serão destinados 123.893 sedativos e bloqueadores neuromuscular, sendo eles 1.911 unidades de Fentanila, 22.617 de Propofol, 77.909 de Midazolan e 21.456 de Cisatracúrio. Segundo o ministério, com essa quantidade é possível repor os estoques por 10 dias. Caberá à secretaria fazer a distribuição para municípios e hospitais.
Mais 2,3 milhões unidades de medicamentos de entubação orotraqueal (IOT) serão distribuídos pelo ministério a partir desta sexta. Os insumos foram adquiridos na China e doados ao governo federal por Petrobras, Vale, Engie, Itaú Unibanco, Klabin e Raízen. A previsão é de que os medicamentos cheguem ao Brasil nesta noite.
O ministério está com dificuldades para refazer a reserva técnica de remédios do kit entubação, que está praticamente zerada. Nota técnica da pasta do dia 12, obtida pelo jornal O Estado de S. Paulo, mostra que o governo tentou comprar doses para seis meses, mas só conseguiu 17% do planejado.
A rede hospitalar do Rio Grande do Sul sofre escassez de medicamentos para entubação de pacientes desde julho do ano passado, em decorrência da pandemia de covid-19. Para tentar suprir a demanda, foram adquiridos medicamentos no mercado nacional e internacional, tanto pelo ministério quanto pelo governo gaúcho.
— A obrigação de adquirir esses medicamentos é de estados e municípios. Todavia, estamos em uma emergência pública internacional e nós temos que tomar as providências necessárias para assegurar o abastecimento em todo o país, principalmente em municípios menores que não têm condições de compra — disse Queiroga.