A covid-19 acabou unindo ainda mais a família da representante comercial Lauriane Souza da Silva, 22 anos, de Novo Hamburgo. Internada no Hospital Regina, na cidade, para receber oxigênio e ficar em observação, depois de testar positivo para a doença, Lauriane teve a companhia da mãe, Cláudia Lima, 56, durante a internação e o parto de emergência, já que o marido, o músico João Soledad, 37, também havia testado positivo para a doença. A história ilustra o aumento de casos de internações de gestantes pelo coronavírus.
Depois de três dias internada, uma tomografia apontou que havia comprometimento de um dos pulmões. No mesmo dia, a equipe médica decidiu realizar uma cesariana. Lara Soledad Silva veio ao mundo em 28 de fevereiro, com 36 semanas e cinco dias de gestação. A menina nasceu sem sintomas da covid-19, mas o contato inicial com a mãe foi rápido:
— Eu estava de máscara e não teve, como era o nosso planejamento, o pele a pele e aquela primeira hora de vida com a mãe. Ela nasceu, as médicas me mostraram rapidamente e a levaram para fazer as avaliações.
Lara ficou 24 horas no quarto com mãe e a avó. Lauriane, porém, não pôde amamentar a filha. No dia seguinte, a bebê foi para a casa dos avós, onde permaneceu por cinco dias até a mãe receber alta, depois de oito dias internada. A primeira noite sem a filha no hospital foi a mais difícil, lembra a representante comercial.
Lauriane acredita que a força para vencer a covid-19 veio do desejo de rever a filha. Tanto que prometeu à mãe sair do hospital em cinco dias. A meta foi cumprida com rigor, e a primeira ação ao reencontrar Lara foi amamentá-la pela primeira vez:
— Apesar de ter sido diferente do que a gente imaginava, hoje vejo tudo como um presente. Ter a Lara com a gente é um sentimento de vitória, tanto minha quanto dela, porque ela também passou por tudo isso — explica a mãe.
Depois de 40 dias dos primeiros sintomas, Lauriane segue com sequelas da covid-19, como cansaço no corpo, falta de ar e paralisia de um lado do rosto, provocada por uma síndrome. Ela faz fisioterapia para recuperar os movimentos da face. Apesar das dificuldades, garante que a família aprendeu a dar valor aos momentos em que estão juntos, fortalecendo a união.
— Infelizmente, sabemos que o número de gestantes contaminadas está aumentando e que, muitas vezes, a mãezinha acaba não voltando para a casa com o bebê. Então, só tenho o sentimento de gratidão por termos conseguido passar por isso e estarmos com saúde — finaliza.