O médico Carlos Carvalho foi nome anunciado na quarta-feira (24) pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, como líder do grupo técnico que vai tratar dos protocolos assistenciais no manejo da covid-19. Formado em Medicina pela Universidade de São Paulo (USP) em 1977, Carvalho coordenou, em 2020, o Centro de Contingência contra covid-19 do Estado de São Paulo, de onde saiu ainda no começo de julho.
Especialista em pneumologia, Carvalho tem experiência em terapia intensiva, atuando, especialmente, em áreas como ventilação mecânica, insuficiência respiratória e fibrose pulmonar. Atualmente, é professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e diretor da Divisão de Pneumologia do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da FMUSP, onde coordena a unidade de terapia intensiva respiratória e também o programa de telemedicina do InCor.
Durante a crise da covid-19, já se posicionou contrariamente ao uso de substâncias sem comprovação de eficácia contra a doença, como é o caso da hidroxicloroquina. Em um dos episódios que protagonizou contra as drogas recomendadas pelo governo federal, Carvalho defendeu que não havia evidências que comprovassem que tais medicamentos teriam ajudado na melhora do quadro de um paciente. O enfermo em questão era o cardiologista Roberto Kalil Filho.
— Cientificamente, estou certo de que ainda não há estudos que comprovem a eficácia da cloroquina. Não há como dizer que foi a cloroquina que ajudou o Kalil. Ele tomou outros remédios além dela. Eu mesmo tive coronavírus, tomei Novalgina e outros remédios e estou curado. Vou dizer que a Novalgina cura coronavírus? — disse, à época.
Carvalho também faz parte do colegiado de professores titulares da FMUSP que lançou, na semana passada, um manifesto que apontou caminhos para sair da crise sem precedentes na saúde pública. Entre outros aspectos, o texto pede um trabalho conjunto da população para adotar e respeitar as medidas de distanciamento, higiene e uso de máscara, além de combater “notícias falsas, desinformação e más práticas de prevenção e tratamento".
Ao falar sobre a carta em entrevista à Globo News, no último domingo (21), o pneumologista destacou a importância da vacinação e os efeitos positivos que ela já tem mostrado na população mais idosa do país e acrescentou que, enquanto não houver ampliação da imunização, outras ações precisam ser reforçadas:
— As medidas que estão à mão dos governantes de acordo com o que a ciência tem apresentado são: as restritivas, de isolamento social; as de higiene, as de uso de máscara e as de não aglomerar. Cabe a nós, de toda a sociedade, tanto profissionais da saúde, como governantes, como a sociedade civil e todos os empresários, entender que é uma situação emergencial, inesperada, muito pior do que estávamos há um ano atrás e a adesão foi muito maior em 2020 do que está neste momento.
Conforme publicado na coluna Painel, da Folha de S.Paulo, a missão delegada a Carvalho seria a de expandir para todo o país os protocolos do Hospital das Clínicas e do InCor. Ao jornal paulista, o pneumologista disse que não terá um cargo no ministério, mas apenas se comprometeu a ajudar.