A Polícia Federal (PF) cumpre, na manhã desta sexta-feira (26), quatro mandados de busca e apreensão no âmbito da investigação que apura se empresários do setor de transporte de Belo Horizonte foram vacinados ilegalmente contra a covid-19. As informações são do portal G1.
As buscas são feitas em endereços ligados à Viação Saritur, na capital mineira. Um dos locais é a sede da empresa, onde teria ocorrido a vacinação.
A chamada Operação Camarote apura a suposta importação e aplicação irregular de vacinas. Segundo reportagem da revista piauí, um grupo de políticos e empresários teria comprado as doses do imunizante da Pfizer/BioNTech por conta própria, não repassaram o produto ao Sistema Único de Saúde (SUS) e pagaram, por cada ampola, cerca de R$ 600.
Conforme a publicação, seriam políticos e empresários ligados ao setor de transporte de Minas Gerais, além de familiares deles. Fontes ouvidas pela reportagem disseram que quem organizou a vacinação particular foram os irmãos Rômulo e Robson Lessa, donos da Saritur.
Em entrevista à piauí, o ex-senador Clésio Andrade, que também é ex-presidente da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), admitiu que integra o grupo que tomou o imunizante — e não pagou nada pela dose.
— Estou com 69 anos, minha vacinação (pelo SUS) seria na semana que vem, eu nem precisava, mas tomei. Fui convidado, foi gratuito para mim — confessou.
Nesta semana, contudo, ao jornal O Estado de S. Paulo, Andrade negou ter sido vacinado.
— Desconheço. Estou em quarentena aqui no Sul de Minas. Tive covid — afirmou.
No início de março, o Congresso aprovou uma lei que permite que a iniciativa privada compre vacinas contra a covid-19. No entanto, as doses não poderão ser utilizadas enquanto não tiverem sido imunizadas todas as pessoas dos grupos prioritários, como idosos e profissionais da saúde.
As vacinas adquiridas devem ser doadas ao SUS e, mesmo quando o grupo prioritário estiver devidamente vacinado, as doses da iniciativa privada precisam ser divididas pela metade com o Ministério da Saúde. A outra metade deve ser distribuída de forma gratuita — como, por exemplo, empresas que compraram as vacinas para seus funcionários.