No último dia em que estive presente em mais uma visita do estudo da vacina da Janssen no Hospital Conceição, foi uma dúvida sobre Oxford ou CoronaVac que me fez ficar mais tempo na conversa com o infectologista.
Explico: como até agora eu não apontei nenhum sintoma de covid-19 ou qualquer outra intercorrência mais grave de saúde, minhas triagens são muito rápidas. Tratam de estado geral, hábitos dos últimos dias etc. Isso depois de colher sangue e alguns sinais vitais.
Então, na hora de ir embora, aproveitei a deixa e a presença da melhor pessoa para me passar aquela informação:
— Posso fazer uma pergunta sobre outra coisa relacionada à vacina?
Ao que o médico prontamente acenou que sim.
— É que minha mãe tem 85 anos e deve entrar logo na fila de vacinação (naquele dia, ainda sem previsão), mas ela tem histórico de reação à vacina da gripe, também à antitetânica. Eu devo levá-la para se vacinar contra o coronavírus?
Ele me perguntou que tipo de reações ela apresentava. Das duas vezes em que tomou, ela teve taquicardia e queda de pressão, “uma sensação de desmaio”, nas palavras dela.
— Eu tomei a CoronaVac e posso te dizer: ela é muito segura. Eu mesmo, quando tomei, era como se fosse placebo, não senti absolutamente nada — disse o médico.
Como infectologista do Conceição, ou o profissional já estava vacinado com as primeiras doses de CoronaVac que chegaram ao Estado, ainda em janeiro, e prioritárias para o pessoal da saúde que atua na linha de frente da pandemia, ou ele foi voluntário do estudo da vacina da Sinovac. Ansiosa pela minha mãe, esqueci de perguntar.
Expliquei que dona Marly estava receosa que episódios de reação alérgica ocorridos com outros imunizantes se repetissem de alguma forma.
— Eu te digo com certeza: leve-a para tomar. Talvez observar alguns minutos a mais logo que for aplicada a injeção no posto de saúde, mas não a deixe ficar sem se vacinar. Se ela seguir com medo, pode dizer que idosos da faixa etária dela, ao pegarem covid-19, têm 90% mais chances de serem hospitalizados e 12 vezes mais de morrer.
O argumento era pesado, mas suficiente. Só que nem precisei usar. Bastou lembrar que, depois da vacina, aos poucos ela ia poder voltar a me ver.
— Quer motivo melhor do que esse? — brinquei com ela.
Pois eu quero e tenho outra razão: a quero de exemplo, bem bonita, com fotos nas redes sociais no dia da vacina, exaltando a esperança de um 2021 de mais encontros.
Tem dúvidas de como vai funcionar a vacinação para idosos acima de 85 anos? Confere aqui!
Mas e a Janssen?
Ah, pois então. Naquele dia, como já relatei no texto anterior, todos os voluntários queriam saber: quando seria liberada a informação se tomamos vacina ou placebo. Essa revelação ainda depende do pedido de uso emergencial do produto da Janssen no Brasil pela empresa farmacêutica e da aprovação pela Anvisa.
Nos Estados Unidos, esse pedido já foi direcionado à Food and Drug Administration, uma espécie de Anvisa deles. A data em que o órgão deve se reunir e decidir por lá é 26 de fevereiro. Se aprovada para uso nos EUA, isso pode acelerar o processo no Brasil. Medida provisória do governo federal publicada em 6 de janeiro levanta a “possibilidade de autorização de importação pela Anvisa de vacinas e insumos ainda não registrados pela agência nacional, contanto que já registrados em agências de saúde de no mínimo um dos países listados na medida provisória, isto é, dos Estados Unidos, Reino Unido, União Europeia, Japão ou China”.
Aguardemos.