O governo federal deverá apresentar as regras para a aquisição de vacinas contra a covid-19 nesta quarta-feira (6). O relato foi feito pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, em uma mensagem enviada ao governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, no final da manhã. No momento, Leite participava de uma reunião virtual com prefeitos da Grande Porto Alegre, que demonstravam preocupação com a falta de uma diretriz nacional para a imunização.
De acordo com relatos de prefeitos que participaram do encontro, a mensagem do ministro foi em resposta à preocupação dos novos eleitos. Pazuello informou que uma medida provisória será assinada pelo presidente Jair Bolsonaro até esta quinta-feira (7). No entanto, as regras serão explicadas ainda nesta quarta.
— Todos demonstraram preocupação com as incertezas e a velocidade do governo federal. Na nossa opinião, deveríamos colocar uma data máxima. Acordamos de aguardar as próximas semanas para ver se (a previsão federal) vai se concretizar. Do contrário, o povo gaúcho não irá ficar desassistido — relata o presidente da Federação de Municípios do Estado (Famurs) e ex-prefeito de Taquari, Maneco Hassen.
Na abertura da reunião, o governador apresentou um panorama da saúde no Estado, além de explicar os protocolos de distanciamento controlado adotados durante a pandemia. Em resposta ao temor dos prefeitos sobre a definição de um calendário para início das imunizações, Eduardo Leite afirmou que mantém a confiança no governo federal para liderar o processo.
— Não faz sentido que, em um país como o Brasil, com 45 anos de tradição em campanhas de vacinação, os municípios e os Estados partam para uma disputa, como o que foi visto na aquisição de respiradores — pontuou.
No entanto, destacou que, se necessário, o governo gaúcho poderá encaminhar a compra direta das doses, caso não haja sinalização clara da União. Ele destacou que o Piratini já deu início do processo de negociação com o Instituto Butantan, que irá fabricar as vacinas CoronaVac, do laboratório chinês Sinovac.
Prefeito de Canoas, Jairo Jorge defende a data de 31 de janeiro como limite para a espera de uma definição federal. Ele defende que os municípios assumam o processo após o prazo, em parceria com o governo estadual.
— Se não tivermos essa garantia, discuto a aquisição de 400 mil doses, no nosso caso —destaca.
Para isso, a prefeitura da cidade vizinha à Capital reservou R$ 22 milhões. Durante o encontro, Jorge informou a possibilidade de Canoas abrir mais 15 leitos de UTI no Hospital Universitário.
O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, foi o último a falar no encontro. Único que participou presencialmente ao lado de Eduardo Leite — os demais falaram através de videoconferência — ele centrou suas declarações na defesa de ações contra a covid em consonância a medidas para evitar o aumento da crise financeira.
— Há um sentimento de solidariedade dos prefeitos com o governo nesta área, mas a gente sabe que a economia e a saúde têm que estar de mãos dadas. Os nossos municípios estão quebrados e nós precisamos reativar a economia — disse.
Entre as solicitações feitas pelos prefeitos ao governador, está a possibilidade de adoção de uma bandeira própria para os municípios da Região Metropolitana, com regras diversas para o restante do Estado no mapa de distanciamento controlado. Também mencionaram a necessidade de ampliação do percentual de servidores públicos em trabalho presencial, norma que foi definida por decreto. Os assuntos serão tratados no Gabinete de Crise do Piratini, que irá se reunir nesta quinta-feira (7).
Vacinas
O Estado espera começar a vacinação em solo gaúcho ainda em janeiro. A primeira etapa, que prevê imunizar 300 mil pessoas, seria voltada aos profissionais da linha de frente durante a pandemia, em especial os da saúde.
Em entrevista à RBS TV, a diretora do Centro Estadual de Vigilância em Saúde, Cynthia Molina Bastos, relatou que a expectativa gaúcha é de receber as doses necessárias para a primeira etapa, embora o governo federal ainda não tenha confirmado o envio.