O secretário-executivo do Centro de Contingência do Coronavírus do governo de São Paulo, João Gabbardo, afirmou nesta terça-feira (8) que moradores de outros Estados poderão ser vacinados contra a covid-19 com a CoronaVac, vacina chinesa que será feita localmente no Instituto Butantan.
— São Paulo é referência nacional para uma série de situações. Temos aqui hoje um número enorme de pessoas que estão internadas que não são de São Paulo. Isso sempre aconteceu. Não vai ser agora que as pessoas não vão ser vacinadas. (...) É uma atitude antipática dizer que não vai vacinar. Quem estiver aqui vai ser vacinado, desde que preencha os requisitos (leia mais abaixo quais são neste primeiro momento) — disse Gabbardo, em entrevista ao Gaúcha Atualidade.
Na segunda-feira (7), o governador João Doria (PSDB) anunciou o começo da vacinação no Estado em 25 de janeiro, mas o imunizante ainda precisa do aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A expectativa do governo, segundo Gabbardo, é de que a CoronaVac seja aprovada pela agência de forma emergencial, em até 40 dias, após o envio dos dados do estudo sobre a fase 3 (que avalia a segurança e a eficácia do imunizante), na próxima semana.
No Rio Grande do Sul, a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e o Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do RS (PUCRS) participam dos estudos com a CoronaVac. No entanto, ainda não há formalização de aquisição de doses do imunizante para o Estado ou a Capital.
— Esses contatos foram feitos diretamente com o governador (Doria). Tenho conhecimento que Eduardo Leite já teve contato com Doria. Tenho conhecimento que Marchezan esteve aqui em SP. Eu recebi ele, inclusive. Mas existem outros prefeitos e governadores, cidades maiores, que também já fizeram este contato. O governador já anunciou que parte dessas vacinas, pelo menos, serão distribuídas para todos os Estados para que eles possam iniciar a vacinação para o pessoal da área da saúde — explica Gabbardo.
Nesta terça-feira, a Secretaria Estadual de Saúde do RS confirmou que a compra de doses da CoronaVac é uma alternativa caso o imunizante a ser distribuído pelo governo federal demore a chegar ou a negociação nacional não avance.
Leia outras trechos da entrevista
Grupo prioritário do plano de SP
"Na primeira fase, será vacinado o grupo da área da saúde, que envolve a rede de pessoas ligadas a hospitais, juntamente com populações indígenas e quilombolas. E imediatamente começar a vacinar por faixa etária os mais velhos. Nessa primeira fase, vai envolver todas as pessoas com mais de 60 anos. O motivo por ter feito a faixa etária é atuarmos na questão da assistência hospitalar. Aqui em SP, quase 90% dos óbitos são com mais de 50 anos. Então, essa faixa etária que vamos atuar. (...) Serão 9 milhões (de pessoas vacinadas), com duas doses, em dois meses. Um total de 18 milhões de doses."
Capacidade de produção do Butantan
"O acordo que o Butantan tem com a Sinovac é de receber agora, em janeiro, 56 milhões de doses. Esta parte já está pronta. A outra parte, o princípio, vem num frasco e é embalada aqui no Butantan. Isso é para o primeiro semestre. Para o segundo semestre, esta fábrica que está sendo remodelada passará a produzir vacinas numa quantidade bastante significativa, mas é para o segundo semestre. Neste primeiro semestre, serão 56 milhões de doses."
Plano B
"O Ministério da Saúde está sendo criticado porque não fez a sua organização ainda. Não poderíamos aguardar. Não temos plano B, temos convicção de que, em 40 dias entregando tudo que é solicitado e que o resultado é a segurança e a eficácia, a análise em 40 dias é suficiente. Não trabalhamos com outro cenário. Num período desses, de epidemia, não tem o menor sentido estarmos com vacina pronta aguardando alguma coisa que não seja muito relevante. Quarenta dias é tempo suficiente. Caso haja algum impedimento, o Ministério da Saúde vai dizer o porquê. Não acreditamos que isso possa acontecer."