Em entrevista ao Gaúcha Atualidade nesta sexta-feira (4), o presidente da Famurs (entidade que representa os municípios gaúchos), Maneco Hassen, avaliou o impacto das eleições em relação ao contágio de covid-19 no Rio Grande do Sul. O Estado já registra mais infecções e internações hospitalares do que no inverno e medidas começaram a ser adotadas nos últimos dias para evitar o caos hospitalar.
— Não tenho dúvida que (a eleição) teve um papel importante sim. Não podemos tapar o sol com a peneira. Por isso a Famurs sempre disse que era impossível fazer campanha sem as pessoas terem contato. Na maioria dos municípios, a internet não chega, mas, mesmo na Capital, a gente viu que não havia como conter as pessoas de sair às ruas e dialogar, visitar as casas, fazer reuniões etc — descreveu o prefeito.
Hassen pontuou, no entanto, que não a campanha não é única responsável pela atual situação. Ele lembrou das liberações nos regramentos, da exaustão das pessoas diante das medidas e da "expectativa da vacina, que causa em cada um de nós uma sensação de que o fim está chegando".
Para responder à segunda onda da pandemia no Rio Grande do Sul, o Palácio Piratini deu a largada a um processo de abrir leitos em hospitais, reforçar a saúde primária de municípios turísticos e impor mais restrições de mobilidade. O presidente da Famurs afirmou "que os municípios estão em pleno alerta e trabalhando muito para que este novo decreto do governo, que unifica as regras de bandeira, possa ser cumprido":
— Podemos discordar de uma ou outra medida do decreto, mas o fato é que precisa ser cumprido. Precisamos retomar a consciência da preocupação que tínhamos lá no início da pandemia e aos poucos foi se perdendo no meio do caminho. Este novo decreto tem a preocupação de manter os setores econômicos, mas também tem foco neste momento no que parece ser o grande foco de expansão do vírus, que são as aglomerações desnecessárias, especialmente aos finais de semana e à noite por todo o RS. Cada um de nós precisa também cumprir seu papel individual e cumprir as normas de prevenção para que a gente freie a subida dos casos no estado e que não tenha o colapso na saúde.
As regiões que mais preocupam a entidade são Litoral Norte, Vale do Sinos e Missões. Na noite desta quinta-feira (3), a prefeita eleita de Santo Antônio das Missões, Izalda Boccacio (PP), morreu aos 73 anos por complicações decorrentes do coronavírus. Ela foi diagnosticada com covid-19 logo depois do encerramento da campanha, que deu a ela o direito de comandar a cidade.
No Litoral Norte, que naturalmente possui poucos leitos hospitalares, a preocupação surge diante da chegada das festas do final de ano. As praias da região costumam registrar um grande volume de pessoas no período.
— O colapso em uma região acaba impactando todas as outras. Portanto, não há outra alternativa, o esforço tem que ser redobrado — enfatizou Hassen.