Gaúcho radicado no Reino Unido, o cardiologista Ricardo Petraco pode ser um dos primeiros profissionais da saúde a receber a vacina contra covid-19 desenvolvida pela Pfizer/BioNTech. Professor da Imperial College de Londres, o especialista diz que recebeu na terça-feira (1º) um e-mail da direção do hospital onde trabalha comunicando sobre um plano com os preparativos para a imunização em massa.
O texto, diz Petraco, evidenciou que algum imunizante seria liberado, no entanto, não especificou qual deles ganharia a corrida. Nesta quarta-feira (2), a Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos Sanitários (MHRA, na sigla em inglês) anunciou que a vacina da Pfizer foi aprovada e que estará disponível a partir da próxima semana.
— Isso foi liberado hoje (quarta-feira) de manhã como uma notícia meio bombástica, mas tenho impressão que hospitais já sabiam disso, pois eu recebi um e-mail preparando a gente para a possibilidade de ter uma estrutura de clínica no hospital no fim de semana para vacinar todo mundo. No e-mail, eles informaram que não sabiam detalhes do imunizante, mas acredito que a MHRA tenha avisado que um deles chegaria logo e pediu a preparação das casas de saúde para a vacinação em massa — conta.
Apesar da tão esperada notícia, o cardiologista fala que não houve euforia por parte dos médicos e nem da população. Muito disso, observa, pelo comportamento mais reservado dos britânicos.
Embora a vacina não seja obrigatória, o médico acredita que ela terá grande adesão, inclusive dos profissionais da saúde, que foram incluídos entre os públicos prioritários. Esse grupo, porém, deve solicitar informações minuciosas sobre a aprovação ao MHRA. Conforme o órgão, a liberação não foi precipitada e a decisão foi embasada em “ensaios sobrepostos e a ‘revisões contínuas’”.
O gaúcho, que pretende tomar a vacina, ressalta que a imunização é muito mais do que um ato de proteção individual:
— Planejo tomar a vacina. A vacinação é uma atitude coletiva de proteção da sociedade. Como trabalho em hospital e tenho contato com pacientes, acabo sendo vetor da doença se tenho o diagnóstico. Aqui isso funciona bem com a vacina da gripe, que eles recomendam fortemente para profissionais da saúde.
Petraco mora há cerca de 15 anos no Reino Unido. Lá, fez todo o seu treinamento em cardiologia e PhD pela Imperial College. Hoje, é reconhecido em todo o mundo pelo seu trabalho clínico e de pesquisa em doença coronariana.
No Reino Unido, profissionais da saúde, idosos acima de 80 anos e moradores de residenciais de longa permanência estão entre os primeiros a receber a imunização.