A média de ocupação das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) por coronavírus em Porto Alegre mantém ritmo de crescimento e é, nesta quarta-feira (25), o maior índice em 34 dias. O aumento ocorre em meio à mudança de indicadores apontando que a Capital entra em uma “segunda onda” da pandemia – ou, na visão de alguns analistas, na piora da primeira.
Segundo dados compilados pela prefeitura, nos últimos sete dias há uma média de 242,3 pacientes com casos graves de covid-19 tratados diariamente em leitos intensivos de hospitais de Porto Alegre. O número é 16% maior do que a média mais baixa de uso de UTIs registrada após o pico da pandemia (ou seja, o “vale” da curva), como mostra o gráfico a seguir.
No total, há 783 leitos disponíveis na cidade, dos quais 91% estavam ocupados nesta quarta-feira. Estavam lotados o Hospital Moinhos de Vento, o Instituto de Cardiologia e o Hospital São Lucas da PUCRS.
Os dados analisados por GZH se referem à média móvel, um indicador recomendado por especialistas para realizar reflexões menos vulneráveis a variações pontuais – em vez de usar a fotografia de um único dia, observa-se o cenário da semana.
Para isso, soma-se o total de internações em hospitais porto-alegrenses nos últimos sete dias e divide-se por sete. O resultado trará a média de internados por dia, na cidade, no período.
Se for analisada a ocupação do dia, e não a média, Porto Alegre tem, nesta quarta-feira, 248 pacientes nas UTIs, o segundo maior dia de ocupação em novembro – perde, apenas, para o dia anterior, quando havia 251 pessoas em leitos de terapia intensiva.
Preocupação também com outras doenças
A ocupação das UTIs preocupa médicos e autoridades porque, neste momento, hospitais estão atendendo, além de pessoas com covid-19, pacientes com doenças crônicas que não foram tratadas durante o inverno, como cirurgias para câncer, por exemplo. O receio é de que as duas demandas pressionem o sistema de saúde e não seja possível oferecer atendimento para todos.
O número de casos também está em ascensão na cidade. A média móvel de novas infecções entre a semana passada e a retrasada foi de 456 casos diários, a maior desde a segunda quinzena de agosto. A prefeitura não divulga o número de casos da última semana porque os dados sofrem constante atualização, conforme saem os resultados dos exames.
Uma semana atrás, em 17 de novembro, a média de mortes na semana foi de 9,9 por dia. O número é 50% mais alto do que no mesmo dia de duas semanas atrás. A reportagem analisou 17 de novembro porque o número de mortes costuma ser avaliado no período de sete dias antes do momento da análise.