Depois da suspensão de estudos da CoronaVac pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Instituto Butantan convocou coletiva de imprensa para esta terça-feira (10), às 11h, para trazer esclarecimentos sobre o que sabe sobre a interrupção. Além de destacar que o "evento adverso grave não tem relação com a vacina", o presidente do órgão, que é vinculado ao governo de São Paulo, foi enfático na não relação do evento com a aplicação das doses do imunizante em teste.
A equipe que compareceu à coletiva, que não contou com a presença do governador de São Paulo, João Doria, abriu a coletiva para perguntas, mas sempre deixando claro que, por uma questão ética, não poderia dar detalhes sobre o paciente que sofreu o "evento adverso grave", sequer confirmar se foi óbito ou não.
Tanto Covas quanto João Gabbardo, secretário-executivo do Centro de Contingência do Combate ao Coronavírus do governo de João Doria, ressaltaram a certeza de que o evento não tem relação com a vacina. Questionados sobre o que lhes dava tamanha certeza, Gabbardo e Covas foram enfáticos que isso envolvia o tempo já decorrido da aplicação das doses no voluntário e a ocorrência do efeito.
— Os dados são transparentes. Por que sabemos e temos certeza que não é relacionado à vacina? Do ponto de vista clínico do caso, e não podemos dar detalhes, infelizmente, é impossível. É impossível que haja relacionamento desse caso com a vacina. É impossível. Acho que isso encerra um pouco a discussão.
Tecnicamente, Gabbardo explicou porque não teria relação.
— O efeito de um determinado medicamento no organismo tem um tempo para que ele possa estar associado a algum medicamento. Até que esse medicamento seja metabolizado pelo organismo. Depois de um determinando tempo, ele não tem mais efeito. O tempo entre a tomada da vacina ou não vacina, porque pode ser um placebo, ele não foi maior do que um dia, dois dias. Ele foi maior do que três semanas.
Anúncio da Anvisa
Covas ainda destacou que responsáveis pelo estudo não receberam nenhum telefonema prévio da Anvisa para esclarecimentos.
— Encaminharam e-mail às 20h40min para o Butantan sobre o evento, mas também anunciando a suspensão do estudo. Vinte minutos depois, a notícia estava em rede nacional.
— Nós fomos comunicados da suspensão, não dos motivos porque o estudo foi cancelado. A Anvisa é quem tem de dizer porque resolveram cancelar o estudo — ressaltou Dimas Covas.
Para Covas, a expectativa é de que os estudos sejam retomados em breve, uma vez que todos os esclarecimentos solicitados pela Anvisa foram fornecidos rapidamente.
— Tenho todos os motivos para acreditar que a Anvisa será técnica e independente. É uma agência reconhecida internacionalmente. Vou atribuir isso a uma dificuldade de comunicação e que isso seja resolvido brevemente, porque todos os esclarecimentos estão sendo fornecidos — destacou.
A Anvisa deve fazer uma coletiva de imprensa às 13h para trazer esclarecimentos à questão.